"O professor só pode ensinar quando está disposto a aprender"

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Método Fônico








Volta as aulas !!!


Volta às aulas (Stephen Kanitz, administrador - www.kanitz.com.br)


"O jovem de hoje deve concentrar-se em uma das competências mais importantes para o mundo moderno: aprender a pensar e a tomar decisões"

Jamais esquecerei o meu primeiro dia de aula na Harvard Business School. No dia anterior recebemos noventa páginas descrevendo três problemas administrativos que haviam ocorrido anos atrás em empresas verdadeiras. Tínhamos 24 horas para tomar uma série de decisões, utilizando as mesmas informações disponíveis à diretoria da época. Era um problema por matéria, três matérias por dia.

O primeiro caso do dia tratava de uma empresa controlada por dois irmãos, bem-sucedida por trinta anos, até o dia em que um deles se desquitou e casou com uma moça vinte anos mais jovem. Esse pequeno fato desencadeou uma série de problemas que afetavam o desempenho da empresa. Nós éramos os consultores que teriam de sugerir uma saída. No primeiro dia, na primeira aula, o professor entrou na sala e simplesmente disse:

- Senhor Kanitz, qual é a sua recomendação para esse caso?

- Por que eu?

As aulas a que eu estava acostumado em toda a minha vida de estudante consistiam num bando de alunos ouvindo pacientemente um professor que dominava as nossas atenções pelo resto do dia. Simplesmente, naquele fatídico dia, eu não estava preparado quando todos voltaram suas atenções para mim - e, pelo jeito, eu é que teria de dar a aula.

Esse sistema é conhecido por ensino centrado no aluno, e não no professor. Tanto é que minha grande frustração foi ter os melhores professores de administração do mundo, mas que ficavam na maioria das aulas simplesmente calados. Curiosamente, falar em aula era uma obrigação, e não o que em geral acontece em muitas escolas secundárias brasileiras, em que essa atitude é passível de punição.

Outra descoberta chocante foi constatar que a maioria dos famosos livros de administração de nada servia para resolver aquele caso. Nenhum capítulo de Michael Porter trata especificamente de "problemas de desquites em empresas familiares", um fato mais comum nas empresas do que se imagina.

A maioria das decisões na vida é de problemas que ninguém teve de enfrentar antes, e sem literatura preestabelecida. Estamos sozinhos no mundo com nossos problemas pessoais e empresariais. Quão mais fácil foi a minha vida de estudante no Brasil, quando a obrigação acadêmica era decorar as teorias do passado, de Keynes, Adam Smith e Peter Drucker, como se fossem livros de auto-ajuda para os problemas do futuro.

Durante dois anos, estudamos mais de 1.000 casos ou problemas dos mais variados tipos: desde desquites, brigas entre o departamento de marketing e o financeiro, greves, governos incompetentes, fusões, cisões, falências até crises na Ásia. Isso nos obrigava a observar, destilar as informações relevantes, ignorar as irrelevantes, ponderar as contradições, trabalhar com vinte variáveis ao mesmo tempo, testar alternativas, formar uma decisão e expô-la de forma clara e coerente.

Estavam ensinando por meio de uma metodologia inédita na época (1972), o que poucas escolas e faculdades fazem até hoje: ensinar a pensar. Em nada adianta ficar ensinando como outros grandes cérebros do passado pensavam. Em nada adianta copiar soluções do passado e achar que elas se aplicam ao presente.

Num mundo cada vez mais mutável, em que as inter-relações nunca são as mesmas, ensinar fatos e teorias será de pouca utilidade para o administrador ou economista de hoje.

Ensinar a pensar também não é tão fácil assim. Não é um curso de lógica nem uma questão de formar uma visão crítica do mundo, achando que isso resolve a questão. Sair criticando o mundo, contestando as teorias do passado forma uma geração de contestadores que nada constrói, que nada sugere.

Minha recomendação ao jovem de hoje é para que se concentre em uma das competências mais importantes para o mundo moderno: aprender a pensar e a tomar decisões. "


Interpretação de Textos - 82 atividades



TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ita 95) As questões a seguir referem-se ao texto adiante. Analise-as e assinale, para cada uma, a alternativa incorreta.

                                               Hino Nacional

                                               Carlos Drummond de Andrade             

                Precisamos descobrir o Brasil!
                Escondido atrás das florestas,
                com a água dos rios no meio,
                o Brasil está dormindo, coitado.
05           Precisamos colonizar o Brasil.

                Precisamos educar o Brasil.
                Compraremos professôres e livros,
                assimilaremos finas culturas,
                abriremos 'dancings' e
                               [subconvencionaremos as elites.
10           O que faremos importando francesas
                muito louras, de pele macia
                alemãs gordas, russas nostálgicas para
                'garçonettes' dos restaurantes noturnos.
                E virão sírias fidelíssimas.
15           Não convém desprezar as japonêsas...

                Cada brasileiro terá sua casa
                com fogão e aquecedor elétricos, piscina,
                salão para conferências científicas.
                E cuidaremos do Estado Técnico.

20           Precisamos louvar o Brasil.
                Não é só um país sem igual.
                Nossas revoluções são bem maiores
                do que quaisquer outras; nossos erros
                                                        [também.
                E nossas virtudes? A terra das sublimes
                                                       [paixões...         
25           os Amazonas inenarráveis... os incríveis
                                              [João-Pessoas...   

                Precisamos adorar o Brasil!
                Se bem que seja difícil caber tanto oceano
                                               [e tanta solidão
                no pobre coração já cheio de
                                              [compromissos...
                se bem que seja difícil compreender o que
                                    [querem êsses homens,
30           por que motivo êles se ajuntaram e qual a
                               [razão de seus sofrimentos.

                Precisamos, precisamos esquecer o Brasil!
                Tão majestoso, tão sem limites, tão
                                              [despropositado,
                êle quer repousar de nossos terríveis
                                                       [carinhos.
                O Brasil não nos quer! Está farto de nós!
35           Nosso Brasil é o outro mundo. Êste não é o
                                                            [Brasil.
                Nenhum Brasil existe. E acaso existirão os
                                                    [brasileiros?

1. a) 'Escondido' (v. 2) pode ser substituído por 'olvidado', embora modifique o sentido.
b) 'Fidelíssimo' (v. 14) tem o mesmo radical de 'fidelidade' e de 'fidedígno'.
c) 'Piscina' (v. 17) tem o mesmo radical de 'piscicultura'.
d) 'Bem' (v. 27) tem valor de superlativo.
e) O texto não foi transcrito em obediência à ortografia vigente.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufrs 98) 1            A deterioração dos centros urbanos tomou conta dos noticiários. A cidade é a demência. A cidade é a selva. Mas a televisão sempre oferece compensações e, para aliviar o "show" do caos urbano, ela exibe o idílio da vida campestre. É assim que, na ficção e na publicidade, reina o ¢videobucolismo, esse gênero de fantasia em que a grama não tem formiga, as cobras não têm veneno e as mulheres não têm vergonha. Chinelos, cigarros, margarinas e cartões de crédito buscam os cenários de praias vazias, fazendas inocentes e montanhas íngremes para aumentar sua promessa de gozo. E há também caminhonetes enormes, as tais "off-road", que se anunciam rodando sobre escarpas, pântanos e rochas cortantes. A felicidade mora longe do asfalto.
2             Mas é curioso: essa mesma fabricação imaginária que santifica a natureza contribui para agravar ainda mais a selvageria nas cidades. Basta observar. Transeuntes se trajam como quem vai enfrentar o mato, os bichos, o desconhecido. Relógios de mergulhadores são ostentados por garotos que mal sabem ver as horas; botas de vaqueiro, próprias  para pisar currais, freqüentam cerimônias de casamento; fardas militares de guerrilheiros amazônicos passeiam pelos shoppings. No trânsito, jipes brucutus viraram a última moda. Com pneus gigantescos e agressivos do lado de fora, e estofamento de couro do lado de dentro, são uma versão sobre quatro rodas dos condomínios fechados. Em breve, começarão a circular com pára-choques de arame farpado.
3             A distância entre um motorista de vidros lacrados e o mendigo que pede esmola no sinal vermelho é maior do que a distância entre aquele e as trilhas agrestes das novelas e dos comerciais. Nas ruas esburacadas das metrópoles, ele talvez se sinta escalando falésias. No coração desses dois homens, que se olham sem ver através dessa estranha televisão que é o vidro de um carro, a cidade embrutecida é a pior de todas as selvas.
(Fonte: BUCCI, Eugênio. CIDADES DEMENTES. VEJA, 2 de julho, 1997, p.17.)

2. Relacionam-se, pela origem, a verbos existentes na Língua Portuguesa, todos os substantivos a seguir, à exceção de
a) deterioração.
b) compensações.
c) mergulhadores.
d) estofamento.
e) metrópoles.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Cesgranrio 93)    O POETA COME AMENDOIM - TEXTO I

Noites pesadas de cheiros e calores amontoados...
Foi o sol que por todo o sítio imenso do Brasil
Andou marcando de moreno os brasileiros.

Estou pensando nos tempos de antes de eu nascer...

A noite era pra descansar. As gargalhadas brancas dos mulatos... 
Silêncio! O Imperador medita os seus versinhos.
Os Caramurus conspiram à sombra das mangueiras ovais.
Só o murmurejo dos cre'm-deus-padre irmanava os
                                                               [ homens de meu país...
Duma feita os canhamboras perceberam que não tinha
                                                                              [mais escravos,
Por causa disso muita virgem-do-rosáriõ se perdeu...

Porém o desastre verdadeiro foi embonecar esta República temporã.
A gente inda não sabia se governar...
Progredir, progredimos um tiquinho
Que o progresso também é uma fatalidade...
Será o que Nosso Senhor quiser!...

Estou com desejos de desastres...
Com desejos do Amazonas e dos ventos muriçocas
Se encostando na canjerana dos batentes...
Tenho desejos de violas e solidões sem sentido...
Tenho desejos de gemer e de morrer...

Brasil...
Mastigado na gostosura quente do amendoim...
Falado numa língua curumim
De palavras incertas num remeleixo melado melancólico...
Saem lentas frescas trituradas pelos meus dentes bons...
Molham meus beiços que dão beijos alastrados
E depois semitoam sem malícia as rezas bem nascidas...

Brasil amado não porque seja minha pátria,
Pátria é acaso de migrações e do pão-nosso onde Deus der...
Brasil que eu amo porque é o ritmo no meu braço aventuroso,
O gosto dos meus descansos,
O balanço das minhas cantigas amores e danças.
Brasil que eu sou porque é a minha expressão muito engraçada,
Porque é o meu sentimento pachorrento,
Porque é o meu jeito de ganhar dinheiro, de comer e de dormir.
(Mário de Andrade. POESIAS COMPLETAS.  S.P.: Martins, 1996. p. 109-110)


                TEXTO II

                A política é a arte de gerir o Estado, segundo princípios definidos, regras morais, leis escritas, ou tradições respeitáveis. A politicalha é a indústria de explorar o benefício de interesses pessoais. Constitui a política uma função, ou o conjunto das funções do organismo nacional: é o exercício normal das forças de uma nação consciente e senhora de si mesma. A politicalha, pelo contrário, é o envenenamento crônico dos povos negligentes e viciosos pela contaminação de parasitas inexoráveis. A política é a higiene dos países moralmente sadios. A politicalha, a malária dos povos de moralidade estragada.
(Rui Barbosa. Texto reproduzido em ROSSIGNOLI, Walter. "Português: teoria e prática". 2. ed. São Paulo: Ática, 1992. p. 19)

3. Assinale a opção em que o processo de formação de palavras está indevidamente caracterizado:
a) pão-nosso - composição por justaposição.
b) aventuroso - derivação sufixal.
c) embonecar - composição por aglutinação.
d) descanso - derivação regressiva.
e) incerto - derivação prefixal.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufsm 2001)                        BRASIL, MOSTRA A TUA CARA

                A busca de uma identidade nacional é preocupação deste século
                                                               João Gabriel de Lima

1             Ao criar um livro, um quadro ou uma canção, o artista ¢¢brasileiro dos dias atuais tem uma preocupação a menos: parecer brasileiro. A noção de cultura nacional é algo tão incorporado ao cotidiano do país que deixou de ser um peso para os ¢£criadores. Agora, em vez de servir à pátria, eles podem servir ao próprio talento.  §Essa é uma ¨conquista deste século. Tem como marco a Semana de Arte Moderna de 1922, ¢uma espécie de ©grito de independência artística do país, cem anos depois da £independência política. Até esta data, o ¢¤brasileiro era, antes de tudo, um ¢¥envergonhado. Achava que pertencia a uma raça inferior e que a única solução era imitar os modelos culturais importados. Para acabar com esse complexo, foi preciso que um grupo de artistas de diversas áreas se reunisse no Teatro Municipal de São Paulo e bradasse que ser brasileiro era bom. O escritor Mário de Andrade lançou o projeto de uma língua nacional. Seu colega Oswald de Andrade propôs o conceito de "antropofagia", segundo o qual a cultura brasileira criaria um caráter próprio depois de digerir as influências externas.
2             A semana de 22 foi só um marco, mas pode-se dizer que ela realmente criou uma agenda cultural para o país. Foi tentando inventar uma língua brasileira que Graciliano Ramos e Guimarães Rosa escreveram suas obras, ¤as mais significativas do ªséculo, no país, no campo da prosa. Foi recorrendo ao bordão da antropofagia que vários artistas jovens, nos anos 60, inventaram a cultura pop brasileira, no movimento conhecido como tropicalismo. No plano das idéias, o século gerou três obras que se tornariam clássicos da reflexão sobre o país. "Os Sertões", do carioca Euclides da Cunha, escrito em 1902, é ainda influenciado por teorias racistas do século passado, que achavam que a mistura entre negros, ¢¦brancos e índios provocaria ¥um "enfraquecimento" da raça brasileira. Mesmo assim, é ¦um livro essencial, porque o repórter Euclides, que trabalhava no jornal "O Estado de S. Paulo", foi a campo cobrir a guerra de Canudos e viu na frente de ¢©combate muitas coisas que punham em questão as teorias formuladas em gabinete. "Casa-Grande & Senzala", do pernambucano Gilberto Freyre, apresentava pela primeira vez a miscigenação como algo positivo e buscava nos primórdios da colonização portuguesa do país as origens da sociedade que se formou aqui. Por último, o paulista Sérgio Buarque de Holanda, em "Raízes do Brasil", partia de premissas parecidas mas propunha uma visão crítica, que influenciaria toda a sociologia produzida a partir de então.
                "VEJA", 22 de dezembro, 1999. p. 281-282.

4. Identifique a alternativa que contém uma palavra formada por derivação sufixal que se classifica, no contexto, como adjetivo.
a) brasileiro (ref. 11)
b) criadores (ref. 12)
c) brasileiro (ref. 13)
d) envergonhado (ref. 14)
e) brancos (ref. 15)

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Uepg 2001)         Delírio de voar

                Nos dez primeiros anos deste século havia uma mania pop em Paris - voar. As formas estranhas dos aeroplanos experimentais invadiam as páginas dos jornais. Cada proeza dos aviadores era narrada em detalhe. Os parisienses acompanhavam fascinados as audácias dos aviadores, uma elite extravagante de jovens brilhantes, cultos e elegantes, realçada por vários milionários e pelo interesse das moças. Multidões lotavam o campo de provas de Issy-les-Molincaux. Os pilotos e os inventores eram reconhecidos nas ruas e homenageados em restaurantes. Todo dia algum biruta apresentava uma nova máquina, anunciava um plano mirabolante e desafiava a gravidade e a prudência.
                Paris virara a capital mundial da aviação desde a fundação do Aéro-Club de France, em 1898. Depois da difusão dos grandes balões, em 1880, e dos dirigíveis inflados a gás, em 1890 - os chamados "mais leves que o ar", chegara a hora dos aparelhos voadores práticos, menores e controláveis - os "mais pesados que o ar". Durante muito tempo eles foram descartados como impossíveis, mas agora as pré-condições haviam mudado. A tecnologia da aerodinâmica, da engenharia de estruturas, do desenho de motores e da química de combustíveis havia chegado a um estágio de evolução inédito. Combinadas, permitiam projetar máquinas inimaginadas.
                Simultaneamente, por caminhos paralelos, a fotografia dera um salto com a invenção dos filmes flexíveis, em 1889. Surgiram câmeras modernas, mais sensíveis à luz, mais velozes e fáceis de manejar. Em conseqüência, proliferaram os fotógrafos profissionais e amadores. Eles não só registraram cada passo da infância da aviação como também popularizaram-na. Transportados pelos jornais, os feitos dos pioneiros estimularam a vocação de muitos jovens candidatos a aviador. A mídia glamourizou a ousadia de voar.
.........................................................................................
                Inventar aviões era um ofício diletante e nada rendoso - ainda. Exigia recursos financeiros para construir aparelhos, contratar mecânicos, oficinas e hangares. Dinheiro nunca faltou ao brasileiro Alberto Santos-Dumont, filho de um rico fazendeiro mineiro, ou ao engenheiro e nobre francês marquês d'Ecquevilley-Montjustin. Voar era um ideal delirante e dândi. Uma glória para homens extraordinários.
                (SUPERINTERESSANTE, junho/99, p.36)

5. Quanto à formação de vocábulos, é certo que

01) o prefixo indica negação nos vocábulos "impossíveis" e "inimaginados".
02) o substantivo "fundação" é formado por sufixação a partir do verbo "fundar".
04) "parisiense" é vocábulo composto formado por justaposição.
08) "simultaneamente" é vocábulo formado por parassíntese a partir de um adjetivo na forma feminina.
16) "glamourizou" é forma de pretérito perfeito de um verbo criado por derivação sufixal a partir de um estrangeirismo.

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES.
(Cesgranrio 94) 1                A fisionomia da sociedade brasileira neste final de século está irreconhecível. A violência e a crueldade viraram fenômenos de massa. Antes, e até há não muito tempo, elas apareciam como sintoma de patologias individuais. Os "monstros" - um estuprador e assassino de crianças, uma mulher que esquartejou o amante - eram motivo de pasmo e horror para uma comunidade onde a violência ficava confinada a um escaninho de modestas proporções. Hoje, é uma guerrilha e faz parte do nosso cotidiano.
2             Em pouco tempo a imagem do Brasil, para uso externo e sobretudo para si mesmo, ficou marcada pela reiteração rotineira da crueldade. A onda não é o simples homicídio, é o massacre. E, para não ficarmos no saudosismo dos anos dourados, ressurge uma forma de massacre que tem raízes históricas profundas: o genocídio, essa mancha na formação de uma nacionalidade argamassada pelo sangue de índios e negros.
3             Os episódios brutais estão aí. (...)
4             A violência costuma ser associada à urbanização maciça, que gera miséria, desordem e conflitos.
5             Não vamos procurar desculpa invocando símiles de outros países - no Peru, na Bósnia ou onde quer que seja. Estamos dizendo "adeus" ao mito da cordialidade brasileira, da "índole pacífica do nosso povo". Estamos transformados - irreconhecíveis. Convertida em face do monstro, desfigurou-se a nossa fisionomia de povo folgazão, inzoneiro, que tem como símbolos o carnaval, o samba e o futebol. (...)
6             A miséria e a fome do povo são um caldo de cultura a favorecer a disseminação da violência, que se torna balcão de comércio nas mãos de empresários inescrupulosos.
                               (Moacir Werneck de Castro.
Jornal do Brasil, 28/08/93, p. 11.)

6. No Texto, encontram-se os vocábulos "PATOlogias " (1Ž parágrafo) e "GENOcídio" (2° parágrafo) cujos radicais estão escritos em maiúsculo, significam, respectivamente:
a) doença - raça.
b) semelhança - matança.
c) estudo - multidão.
d) raça - mulher.
e) cura - joelho.

7. As palavras esquartejar, desculpa e irreconhecível foram formadas, respectivamente, pelos processos de:
a) sufixação - prefixação - parassíntese
b) sufixação - derivação regressiva - prefixação
c) composição por aglutinação - prefixação - sufixação
d) parassíntese - derivação regressiva - prefixação
e) parassíntese - derivação imprópria - parassíntese

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufrs 96)               Pais e adultos em geral são incompetentes para entender ¥o que vai pela cabeça das crianças; estas, por sua vez, são incapazes de detectar ¦o que se esconde sob os gestos e as frases dos mais velhos. Na zona cinzenta que reúne essas duas conhecidas limitações, reside o objeto de "Quarto de Menina", estréia literária da psicanalista carioca Livia Garcia Roza.
                Luciana, oito anos, filha única de pais separados, é inteligente, sapeca, sem papas na língua e mora com o pai, intelectual, pacato, caladão, professor de filosofia. É ela a narradora do livro. Ao longo de 180 páginas, relata o seu cotidiano,§ que se ¢limita, aqui, ao próprio quarto, à biblioteca do pai, à sala e à casa da mãe. [...]
                Apesar disso, não se trata de uma obra para crianças. A construção híbrida da narrativa descarta episódios mais banais ou preocupações que seriam em tese mais comuns às crianças, dando destaque para os £diálogos, seja entre Luciana e os pais, seja entre a garota e suas bonecas.
                No primeiro caso, Luciana freqüentemente não entende certas insinuações dos pais, enquanto estes ficam perplexos diante de reações ou perguntas da filha. Já nas "conversas" com seus amigos de quarto, a narradora expõe seu estranhamento, desabafa, chora, faz planos e, ao mesmo tempo, revela indireta e inconscientemente a dificuldade de captar o significado dos eventos que ela mesma narra, significado que nós, ¤leitores presumivelmente maduros, enxergamos logo de cara.
                Nessa capacidade de explicar ao mesmo tempo uma história e a não-compreensão dessa mesma história pelo seu próprio narrador, aí está um dos pontos mais interessantes de "Quarto de Menina". [...] (Ajzenberg B. A ABISSAL NORMALIDADE DO COTIDIANO, Folha de São Paulo, 15.10.95, p. 5-11)

8. Todas as palavras a seguir possuem o mesmo prefixo, COM EXCEÇÃO DE
a) insinuações
b) indireta
c) incompetentes
d) incapazes
e) inconscientemente

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Uerj 97)               O ENSINO NA BRUZUNDANGA

                Já vos falei na nobreza ¢doutoral desse país; é lógico, portanto, que vos fale do ensino que é ministrado nas suas escolas, donde se origina essa nobreza. Há diversas espécies de escolas mantidas pelo governo geral, pelos governos provinciais e por particulares. Estas últimas são chamadas livres e as outras oficiais, mas todas elas são equiparadas entre si e os seus diplomas se £equivalem. Os meninos ou rapazes, que se destinam a elas, não têm medo absolutamente das dificuldades que o curso de qualquer delas possa apresentar. Do que eles têm medo, é dos exames preliminares.
                Passando assim pelo que nós chamamos preparatórios, os futuros diretores da República dos Estados Unidos da Bruzundanga acabam os cursos mais ignorantes e presunçosos do que quando para lá entraram. São esses tais que berram: "Sou formado! Está falando com um homem formado!".
                Ou senão quando alguém lhes diz:
                - "Fulano é inteligente, ilustrado...", acode o ¤homenzinho logo:
                - É formado?
                - Não.
                - Ahn!
                Raciocina ele muito bem. Em tal terra, quem não arranja um título como ele obteve o seu, deve ser muito burro, naturalmente.
                Apesar de não ser da Bruzundanga, eu me interesso muito por ela, pois lá passei uma grande parte da minha meninice e mocidade.
                Meditei muito sobre os seus problemas e creio que achei o remédio para esse mal que é o seu ensino. Vou explicar-me sucintamente.
                O Estado da Bruzundanga, de acordo com a sua carta constitucional, declararia livre o exercício de qualquer profissão, extinguindo todo e qualquer privilégio de diploma.
                Quem quisesse estudar medicina, freqüentaria as cadeiras necessárias à especialidade a que se destinasse, evitando as disciplinas que julgasse inúteis. Aquele que tivesse vocação para engenheiro de estrada de ferro, não precisava estar perdendo tempo estudando ¥hidráulica. Cada qual organizaria o programa do seu curso, de acordo com a especialidade da profissão liberal que quisesse exercer, com toda a honestidade e sem as escoras de privilégio ou diploma todo poderoso.
                Semelhante forma de ensino, evitando o diploma e os seus privilégios, extinguiria a nobreza doutoral; e daria aos jovens da Bruzundanga mais honestidade no estudo, mais segurança nas profissões que fossem exercer, com a força que vem da concorrência entre os homens de valor e inteligência nas carreiras que seguem.
(BARRETO, Lima. OS BRUZUNDANGAS. São Paulo, Ática, 1985. p. 49-51 - com adaptações.)

9. A palavra extraída do texto, cujo processo de formação está explicado corretamente, é:
a) doutoral (ref. 1) = é formada  por parassíntese
b) equivalem (ref. 2) = é composta por justaposição
c) homenzinho (ref. 3) = tem sufixo de valor iônico
d) hidráulica (ref. 4) = tem prefixo de origem latina

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Unifesp 2003) INSTRUÇÃO: As questões seguintes baseiam-se no poema "Pneumotórax", do modernista Manuel Bandeira (1886-1968).

Pneumotórax
Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
- Diga trinta e três.
- Trinta e três... trinta e três... trinta e três...
- Respire.
...........................................................................................
- O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
- Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
(Manuel Bandeira, Libertinagem)

10. "Pneumotórax", palavra que dá título ao famoso poema de Manuel Bandeira, é vocábulo constituído de dois radicais gregos (pneum[o]- + -tórax]. Significa o procedimento médico que consiste na introdução de ar na cavidade pleural, como forma de tratamento de moléstias pulmonares, particularmente a tuberculose. Tal enfermidade é referida no diálogo entre médico e paciente, quando o primeiro explica a seu cliente que ele tem "uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado". Esta última palavra é formada com base em um radical: "filtro". Quanto à formação vocabular, o título do poema e o vocábulo "infiltrado" são constituídos, respectivamente, por
a) composição, e derivação prefixal e sufixal.
b) derivação prefixal e sufixal, e composição.
c) composição por hibridismo, e composição prefixal e sufixal.
d) simples flexão, e derivação prefixal e sufixal.
e) simples derivação, e composição sufixal e prefixal.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufsm 2000) TEXTO I

APRENDENDO COM O PRIMATA
                Atual e instigante a reportagem "A outra face do macaco" (número 10, ano 12). O comportamento animal contribui para a compreensão do problema da violência premeditada entre os humanos. E pode também indicar possíveis soluções.
(Édison Miguel - Goiânia, GO)

TEXTO II

O MACACO NÃO ESTÁ CERTO
                Fiquei muito impressionada com a violência e a rivalidade que existe entre as tribos de macacos. Sempre tive outra imagem dos primatas. Para mim eles eram animais pacíficos e inteligentes, mas agora percebo que se parecem mesmo com os humanos.
(Elaine Gomes - Santa Maria, RS)


TEXTO III

O HOMEM É BEM PIOR
                Comparar o instinto violento do chimpanzé com o do homem é algo cômico. Os humanos já nascem com a mente voltada para as guerras e são infinitamente mais ferozes.
(José Reinaldo Coniutti - Cuiabá, MT)
                               DEZEMBRO, 1998 - SUPER

11. Na redação de suas cartas, os leitores empregaram palavras formadas com o auxílio de afixos. Em qual delas há um sufixo que significa "de maneira", "de modo"?
a) instigante.
b) comportamento.
c) compreensão.
d) rivalidade.
e) infinitamente.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Unirio 99)                            Combate no escuro

1             É sempre surpreendente a capacidade de alguns enxadristas para visualizar, com várias jogadas de antecedência, aquilo que o comum dos mortais não enxerga nem mesmo quando a peça já foi movida no tabuleiro. Esse talento, comum a todos os profissionais de vários jogos e também compartilhado por alguns amadores brilhantes, é ainda mais surpreendente quando exercido sem ter sequer o apoio visual do tabuleiro, ou seja, inteiramente às cegas.
2             Nesse tipo de disputa, é comum um dos parceiros atuar normalmente, olhando e movendo suas peças, enquanto o adversário faz seus lances mentalmente. Este não pode nem observar as posições resultantes das jogadas. Trabalha o tempo todo no escuro.
3             Há, entretanto, uma modalidade que é quase um ultraje à capacidade de processamento de um cérebro comum. Trata-se da simultânea às cegas, isto é, um só jogador disputando, sem olhar, várias partidas diferentes ao mesmo tempo, contra oponentes que jogam individualmente, todos acompanhando os respectivos tabuleiros.
4             Confrontos de xadrez bizarros assim já foram várias vezes organizados, sobretudo para remunerar profissionais talentosos e necessitados, e a quantidade de partidas concomitantes começou a inflacionar. O americano Harry Nelson Pillsbury (1872 - 1906) jogou 21 partidas contra adversários dos bons, durante um torneio em Hannover, Alemanha, em 1902. Pillsbury deixava até que os outros jogadores se consultassem mutuamente sobre os melhores lances e os tentassem previamente, mexendo as peças sobre os tabuleiros. (...)
5             Isso, claro, é para poucos. Mas existe um curioso meio-termo entre a partida às cegas e a normal, bem mais palatável para gente como a gente. É uma variedade excêntrica do xadrez, chamada "Kriegspiel", que você pode adaptar para outros jogos de tabuleiro, desde que conheça a idéia fundamental, muito simples.
6             Além de dois jogadores, é preciso uma terceira pessoa para atuar como juiz. Os dois primeiros sentam-se de costas um para o outro, cada qual com um tabuleiro e somente as suas próprias peças. Entre eles, posiciona-se o juiz, que terá um terceiro tabuleiro e as peças de ambos os contendores.
7             A cada lance, o juiz move a respectiva peça no seu tabuleiro e avisa ao adversário que o deslocamento foi feito. Se a jogada não estiver dentro das regras, limita-se a dizer "não pode" - e solicita outra opção. (...)
                (Luis Dal Monte Neto - REVISTA SUPERINTERESSANTE)

12. A opção em que o elemento mórfico destacado está analisado INCORRETAMENTE é:
a) capacIdade - vogal de ligação.
b) visualIZar - sufixo.
c) existE - desinência número-pessoal.
d) JUIZ - radical.
e) conheçA - desinência modo-temporal.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Fuvest 95)                           Filosofia de Epitáfios.

                Saí, afastando-me dos grupos, e fingindo ler os epitáfios. E, aliás, gosto dos epitáfios; eles são, entre a gente civilizada, uma expressão daquele pio e secreto egoísmo que induz o homem a arrancar à morte um farrapo ao menos da sombra que passou. Daí vem, talvez, a tristeza inconsolável dos que sabem os seus mortos na vala comum; parece-lhes que a podridão anônima os alcança a eles mesmos.
                (Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas)

13. O processo de transposição de uma palavra de uma classe gramatical para outra é conhecido pelo nome de derivação imprópria. É correto afirmar que, no texto, esse processo ocorre no emprego do vocábulo:
a) epitáfios.
b) mortos.
c) tristeza.
d) podridão.
e) inconsolável.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Unirio 97) ¢Neste momento, o bordado está pousado em cima do console e o interrompi para escrever, substituindo a tessitura dos pontos pela das palavras, o que me parece um exercício bem mais difícil.
£Os pontos que vou fazendo exigem de mim uma habilidade e um adestramento que já não tenho. ¤Esforço-me e vou conseguindo vencer minhas deficiências. ¥As palavras, porém, são mais difíceis de adestrar e vêm carregadas de uma vida que se foi desenrolando dentro e fora de mim, todos esses anos. ¦São teimosas, ambíguas e ferem. §Minha luta com elas é uma luta extenuante. ¨Assim, nesse momento, enceto duas lutas: com as linhas e com as palavras, mas tenho a certeza que, desta vez, estou querendo chegar a um resultado semelhante e descobrir ao fim do bordado e ao fim desse texto, algo de delicado, recôndito e imperceptível sobre o meu próprio destino e sobre o destino dos seres que me rodeiam. ©Ontem, quando entrei no armarinho para escolher as linhas, vi-me cercada de pessoas com quem não convivia há muito tempo, ou convivia muito pouco, de cuja existência tinha esquecido. ªMulheres de meia-idade que compravam lãs para bordar tapeçarias, selecionando animadamente e com grande competência os novelos, comparando as cores com os riscos trazidos, contando os pontos na etamine, medindo o tamanho do bastidor. ¢¡Incorporei-me a elas e comecei a escolher, com grande acuidade, as tonalidades das minhas meadas de linha mercerizada. ¢¢Pareciam pequenas abelhas alegres (...), levando a sério as suas tarefas. (...) ¢£Naquelas mulheres havia alguma coisa preservada, sua capacidade de bordar dava-lhes uma dignidade e um aval. ¢¤Não queria que me discriminassem, conversei com elas de igual para igual, mostrando-lhes os pontos que minha pequena mão infantil executara.
             (JARDIM, Rachel. O PENHOAR CHINÊS. 4 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1990.)

14. O que se indica nos parênteses NÃO está correto na opção:
a) bordadO (vogal temática).
b) esforçO-me (desinência número-pessoal).
c) desenrolaNDO (característica de gerúndio).
d) imperceptível (derivado parassintético).
e) meia-idade (composto por justaposição).

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Faap 97) Barcos de Papel

Quando a chuva cessava e um vento fino
franzia a tarde tímida e lavada,
eu saía a brincar pela calçada,
nos meus tempos felizes de menino.

Fazia de papel toda uma armada
e, estendendo meu braço pequenino,
eu soltava os barquinhos, sem destino,
ao longo das sarjetas, na enxurrada...

Fiquei moço. E hoje sei, pensando neles,
que não são barcos de ouro os meus ideais:
são feitos de papel, tal como aqueles,

perfeitamente, exatamente iguais...
- que os meus barquinhos, lá se foram eles! foram-se embora e não voltaram mais!

                               Guilherme de Almeida

15. Foram-se embora. EMBORA (em + boa + hora) - processo de formação de palavra:
a) composição por justaposição
b) composição por aglutinação
c) derivação prefixial
d) derivação sufixial
e) parassintetismo

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Pucsp 2000) Ethos - ética em grego - designa a morada humana. O ser humano separa uma parte do mundo para, moldando-A ao seu jeito, construir um abrigo protetor e permanente. A ética, como morada humana, não é algo pronto e construído de uma só vez. O ser humano está sempre tornando habitável a casa que construiu para SI.
Ético significa, portanto, tudo aquilo que ajuda a tornar melhor o ambiente para que seja uma morada saudável: materialmente sustentável, psicologicamente integrada e espiritualmente fecunda.
Na ética há o permanente e o mutável. O permanente é a necessidade do ser humano de ter uma moradia: uma maloca indígena, uma casa no campo e um apartamento na cidade. TODOS estão envolvidos com a ética, porque todos buscam uma morada permanente.
O mutável é o estilo com que cada grupo constrói sua morada. É sempre diferente: rústico, colonial, moderno, de palha, de pedra... Embora diferente e mutável, o estilo está a serviço do permanente: a necessidade de ter casa. A casa, nos seus mais diferentes estilos, deverá ser habitável.
                (BOFF, Leonardo. In A ÁGUIA E A GALINHA. Petrópolis:    Vozes, 1997, pp.90-91.)

16. Está presente, no texto, o processo de formação de palavras por derivação imprópria.
Assinale a alternativa em que ocorre tal processo.
a) A ética, como morada humana, não é algo pronto e constituído de uma só vez.
b) O ser humano está sempre tornando habitável a casa que constituiu para si.
c) ... tudo aquilo que ajuda a tornar melhor o ambiente.
d) Na ética, há o permanente e o mutável.
e) A casa, nos seus mais diferentes estilos, deverá ser habitável.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Faap 97)                             Os gatos

                Deus fez o homem à sua imagem e semelhança, e fez o crítico à semelhança do gato. Ao crítico deu ele, como ao gato, a graça ondulosa e o assopro, o ronrom e a garra, a língua espinhosa. Fê-lo nervoso e ágil, refletido e preguiçoso; artista até ao requinte, sarcasta até a tortura, e para os amigos bom rapaz, desconfiado para os indiferentes, e terrível com agressores e adversários... .
                Desde que o nosso tempo englobou os homens em três categorias de brutos, o burro, o cão e o gato - isto é, o animal de trabalho, o animal de ataque, e o animal de humor e fantasia - por que não escolheremos nós o travesti do último? É o que se quadra mais ao nosso tipo, e aquele que melhor nos livrará da escravidão do asno, e das dentadas famintas do cachorro.
                Razão por que nos acharás aqui, leitor, miando um pouco, arranhando sempre e não temendo nunca.

                               Fialho de Almeida

17. Ao crítico deu ele o RONROM. O processo pela qual se formou a palavra grifada:
a) derivação prefixial
b) derivação parassintética
c) regressiva
d) composição por aglutinação
e) onomatopéia

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Uerj 98)               O mal de Isaías é ser ambíguo. Ser e não-ser. Não é índio, nem cristão. Não é homem, nem deixa de ser, ¢coitado. Ser dois é não ser nenhum. Mas está acima de suas forças. Ele não pode deixar de participar de um nós comigo que é excludente dos mairuns e que quase me ofende. Também não pode sentir consigo mesmo que ele é apenas um mairum entre os outros. O pobre não pára de escarafunchar a cuca, se aclarando e se confundindo cada vez mais. Este casamento com Inimá. Será que ele gosta dela?(...)
                Outro dia fiquei muito tempo atrás dele, no pátio, confundida com toda gente que se junta ali, na hora do pôr do sol, para comer e conversar. Vi bem que ele não falava com ninguém e que ninguém falava com ele. Nem Inimá. Ouvi depois, ouvi bem que ele murmurava sozinho. Cheguei mais perto e ouvi melhor; era uma ladainha em latim, como as de meu pai:
                Tra-lá-lá, ora pro nobis
                Tre-lé-lé, ora pro nobis
                Vamos ver se, agora de noite, nesse balanço de rede, eu me esqueço dos outros para pensar em mim. Preciso me concentrar no meu problema. Tentei pensar o dia inteiro, sem conseguir. Há dias que é assim. Até parece que já não sou capaz. Será a gravidez que me deixa lânguida? De onde virá essa lassidão? Estou grávida e não sei de quem. Vou parir  aqui entre os mairuns, este é  problema. Se problema existe, porque isto bem pode ser uma solução. Com um filho crescendo mairum eu não me integraria mais nesse mundo que eu quero fazer meu? Ser a mãe de fulaninho não será para mim como para um homem ser o pai de fulano? Os homens aqui mudam de nome quando têm um filho homem. Maxihú é o pai de Maxi. Teró por muito tempo Jaguarhú. Eu seria Iuicuihí se minha filha se chamasse Iucui? Ou Mairahú se meu filho pudesse chamar-se Maíra? Será que pode? Melhor é que seja menina: Iuicui.
(RIBEIRO,  Darcy. "Maíra". Rio de Janeiro: Record, 1990, p. 372-3.)

18. "Os homens aqui mudam de nome quando têm um filho. Maxihú é o pai de Maxi. Teró por muito tempo foi Jaguarhú. Eu seria Iuicuihí se minha filha se chamasse Iuicui? Ou Mairahú se meu filho pudesse chamar-se Maíra? Será que pode?".

Levando em conta apenas os substantivos próprios citados no trecho, é possível entender que, na língua dos mairuns, o novo nome do pai de um filho homem contém:
a) o nome da criança seguido do morfema - hí
b) o nome do filho seguido do morfema - hú
c) o nome da mãe seguido do morfema - hí
d) o nome do pai seguido do  morfema - hú

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufrrj 99) FAVELÁRIO NACIONAL
...........................................................................................

12. Desfavelado

Me tiraram do meu morro
me tiraram do meu cômodo
me tiraram do meu ar
me botaram neste quarto
multiplicado por mil
quartos de casas iguais.
Me fizeram tudo isso
para meu bem. E meu bem
ficou lá no chão queimado
onde eu tinha o sentimento
de viver como queria
no lugar onde queria
não onde querem que eu viva
aporrinhado devendo
prestação mais prestação
da casa que não comprei
mas compraram para mim.
Me firmo, triste e chateado
                               Desfavelado.
 ..........................................................................................

15. Indagação

Antes que me urbanizem a régua, compasso,
computador, cogito, pergunto, reclamo:
Por que não urbanizam antes
a cidade?
Era tão bom que houvesse uma cidade
na cidade lá embaixo.
...........................................................................................
                               (ANDRADE, Carlos Drummond de. "Corpo". Rio de Janeiro, Record, 1985. p.118-119; 120-121.)

19. Tendo em vista o conteúdo do texto e o sentido do prefixo des-, o neologismo "desfavelado" significa pessoa que
a) mora próximo à favela.
b) é contrária à favela.
c) nunca morou na favela.
d) deixou de ser favelado.
e) trabalha em prol da favela.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Unirio 98)                                           A Felicidade

                "Quem pôde, neste mundo, até hoje, definir a felicidade? Desde que a atenção do homem se concentrou da natureza visível para a natureza interior, a ciência, a poesia, a religião, debruçadas sobre o coração humano, revolvem o impenetrável problema, esgotando em vão a sagacidade, a inspiração, a eloqüência. Todas as influências que compõem a alma contraditória do homem, que o obscurecem ou explicam, que o regeneram ou degradam, os sentimentos que fortalecem, ou deprimem, os que criam ou destroem, os que repelem, ou encantam, vão passando sucessivamente pelo fundo misterioso do vaso, onde a humanidade bebe, desde o princípio de sua criação, a ambrosia e o fel. E a eterna interrogação continua a preocupar eternamente as cabeças, que meditam, as imaginações que cismam: onde está a felicidade? No amor ou na indiferença? Na obediência ou no poder? No orgulho ou na humildade? Na investigação ou na fé?
                Na celebridade ou no esquecimento? Na nudez ou na prosperidade? Na ambição ou no sacrifício? Risível pretensão fora a minha, se me propusesse a entrar com uma fórmula nova na multidão inumerável dos escravadores desde enigama ."
                                                                                              (Rui Barbosa)

20. Marque a opção correta quanto à classificação dos elementos mórficos destacados nos vocábulos a seguir.
a) mundO: desinência de gênero
b) sagacIDADE: sufixo formador de substantivo
c) compÕem: vogal temática
d) destroEM: desinência modo-temporal
e) AMOR: radical

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Cesgranrio 2000)                                              ANTES DO NOME

Não me importa a palavra, esta corriqueira.
Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe,
os sítios escuros onde nasce o "de", o "aliás",
o "o", o "porém" e o "que", esta incompreensível
muleta que me apóia.
Quem entender a linguagem entende Deus
cujo Filho é Verbo. Morre quem entender.
A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda,
foi inventada para ser calada.
Em momentos de graça, infreqüentíssimos,
se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão.
Puro susto e terror.
                                               (Adélia Prado - "Bagagem")

21. As palavras INCOMPREENSÍVEL e INFREQÜENTÍSSIMOS possuem o mesmo prefixo com valor semântico idêntico. Porém, seus sufixos apresentam funções distintas, uma vez que - (í)vel forma adjetivo a partir de:
a) verbo e -íssimo atribui um valor de grau ao adjetivo.
b) verbo e -íssimo atribui um valor de grau ao substantivo.
c) substantivo e -íssimo atribui um valor de grau ao adjetivo.
d) substantivo e -íssimo forma adjetivo a partir de adjetivo.
e) adjetivo e -íssimo forma adjetivo a partir de verbo.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Cesgranrio 95) Por amor à Pátria

1             O que é mesmo a Pátria?
2             Houve, com certeza, uma considerável quantidade de brasileiros(as) que, na linha da própria formação, evocaram a Pátria com critérios puramente geográficos: uma vastíssima porção de terra, delimitada, porém, por tratados e convenções. Ainda bem quando acrescentaram: a Pátria é também o Povo, milhões de homens e mulheres que nasceram, moram, vivem, dentro desse território.
3             Outros, numerosos, aprimoraram essa noção de Pátria e pensaram nas riquezas e belezas naturais encerradas na vastidão da terra. Então, a partir das cores da bandeira, decantaram o verde das florestas, o azul do firmamento espelhado no oceano, o amarelo dos metais escondidos no subsolo. Ufanaram-se legitimamente do seu país ou declararam, convictos, aos filhos jovens, que jamais hão-de ver país como este.
4             Foi o que fizeram todos quantos procuraram a Pátria no quase meio milênio da História do Brasil, complexa e fascinante História de conquistas e reveses, de "sangue, suor e lágrimas", mas também de esperanças e de realizações. Evocaram gestos heróicos, comovedoras lendas e sugestivas tradições.
5             Tudo isso e o formidável universo humano e sacrossanto que se oculta debaixo de tudo isso constituem a Pátria. Ela é história, é política e é religião. Por isso é mais do que o mero território. É algo de telúrico. É mais do que a justaposição de indivíduos, mas reflete a pulsação da inenarrável história de cada um.
6             A Pátria é mais do que a Nação e o Estado e vem antes deles. A Nação mais elaborada e o Estado mais forte e poderoso, se não partem da noção de Pátria e não servem para dar à Pátria sua fisionomia e sua substância interior, não têm todo o seu valor.
7             Por último, quero exprimir, com os olhos fixos na Pátria, o seu paradoxo mais estimulante. De um lado, ela é algo de acabado, que se recebe em herança.
8             Por outro lado, ela nunca está definitivamente pronta. Está em construção e só é digno dela quem colabora, em mutirão, para ir aperfeiçoando o seu ser. Independente, ela precisa de quem complete a sua independência. Democrática, ela pertence a quem tutela e aprimora a democracia. Livre, ela conta com quem salvaguarda a sua liberdade. E sobretudo, hospitaleira, fraterna, aconchegante, cordial, ela reclama cidadãos e filhos que a façam crescer mais e mais nestes atributos essenciais de concórdia, equilíbrio, harmonia, que a fazem inacreditavelmente Pátria - e me dá vontade de dizer, se me permitem criar um neologismo, inacreditavelmente Mátria.
9             Pensando bem, cada brasileiro, quem quer que seja, tem o direito de esperar que os outros 140 milhões de brasileiros sejam, para ele, Pátria.
                                            Dom Lucas Moreira Neves
(adaptação) JORNAL DO BRASIL - 08/09/93

22. Os vocábulos "aprimorar" e "encerrar" classificam-se, quanto ao processo de formação de palavras, respectivamente, em:
a) parassíntese / prefixação.
b) parassíntese / parassíntese.
c) prefixação / parassíntese.
d) sufixação / prefixação e sufixação.
e) prefixação e sufixação / prefixação.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Fuvest 2000) Sinha Vitória falou assim, mas Fabiano resmungou, franziu a testa, achando a frase extravagante. Aves matarem bois e cabras, que lembrança! Olhou a mulher, desconfiado, julgou que ela estivesse tresvariando.
                               (Graciliano Ramos, "Vidas secas")

23. O prefixo assinalado em "TRESvariando" traduz idéia de
a) substituição.
b) contigüidade.
c) privação.
d) inferioridade.
e) intensidade.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufl - pas 2000)                   BRASILEIRO, HOMEM
                                                               DO AMANHÃ

                               (Paulo Mendes Campos - Adaptação)

                Há em nosso povo duas constantes que nos induzem a sustentar que o Brasil é o único país brasileiro de todo o mundo. Brasileiro até demais. Colunas da brasilidade, as duas colunas são: a capacidade de dar um jeito; a capacidade de adiar.
                A primeira é ainda escassamente conhecida, e nada compreendida, no exterior; a segunda, no entanto, já anda bastante divulgada lá fora, sem que, direta ou sistematicamente, o corpo diplomático contribua para isso.
                Aquilo que alguns autores ingleses diziam apenas por humorismo (nunca se fazer amanhã aquilo que se pode fazer depois de amanhã), não é no Brasil uma deliberada norma de conduta, uma diretriz fundamental. Não, é mais, é bem mais forte do que qualquer princípio da vontade: é um instinto inelutável, uma força espontânea da estranha e surpreendente raça brasileira.
                Para o brasileiro, os atos fundamentais da existência são: nascimento, reprodução, adiamento e morte (esta última, se possível, também protelada).
                Adiamos em virtude dum verdadeiro e inevitável estímulo inibitório, do mesmo modo que protegemos os olhos com as mãos ao surgir na nossa frente um foco luminoso intenso. A coisa deu em reflexo condicionado: proposto qualquer problema a um brasileiro, ele reage de pronto com as palavras: logo à tarde, só à noite; amanhã; segunda-feira; depois do carnaval; no ano que vem.
                Adiamos tudo: o bem e o mal, o bom e o mau, que não se confundem, mas tantas vezes se desemparelham. Adiamos o trabalho, o encontro, o almoço, o telefonema, o dentista, o dentista nos adia, a conversa séria, o pagamento do imposto de renda, as férias, a reforma agrária, o seguro de vida, o exame médico, a visita e pêsames, o conserto do automóvel, o concerto de Beethoven, o túnel para Niterói, a festa de aniversário da criança, as relações com a China, tudo. Até o amor. Só a morte e a promissória são mais ou menos pontuais entre nós. Mesmo assim, há remédio para a promissória: o adiamento bi ou trimestral da reforma, uma instituição sacrossanta no Brasil.
                O brasileiro adia; logo existe. A única palavra importante para ele é amanhã.
                O resto eu adio para a semana que vem.

24. Em: "... é um instinto inelutável, uma força espontânea...", classifique o processo de formação da palavra INELUTÁVEL:
a) derivação prefixal.
b) composição por justaposição.
c) derivação regressiva.
d) composição por aglutinação.
e) derivação parassintética.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufjf 2002) O fragmento de texto a seguir, de Paulo Mendes Campos, foi publicado na edição comemorativa dos "110 anos do Jornal do Brasil", de 8 de abril de 2001.

Julho de 1990

Nunca se imprimiu tanto. E nunca se aproveitou tão pouco. Devoram-se toneladas de papel impresso em todas as línguas, mas a percentagem de nutrientes desse palavrório é quase nada. A chamada democratização da cultura, em vez de sucos, fabrica perto de 100% de refrescos aguados, essas publicações fajutas já chamadas "non-books".
O antilivro vai expulsando do mercado a ciência, a informação e a literatura. O grotesco é que os novos gêneros de impressão não chegam nem mesmo a cumprir o que nos prometem nos títulos e nas orelhas; a livralhada sexual é idiota; a violenta é pueril; a de terror não chega a impressionar crianças; a esotérica é de dar pena; a fofoqueira ainda pode distrair, mas mente pelos dedos. (...)
O século 20 lê mais que o século passado. Mas nosso avô comia um bife, e o nosso contemporâneo entulha-se com um saco de farinha ou pólvora ou titica.

25. Observe as palavras maiúsculas a seguir, selecionadas do texto lido:

"A CHAMADA democratização da cultura..."
"A LIVRALHADA sexual é idiota..."

A respeito das formas -ADA, pode-se dizer que:
a) têm valor semântico distinto.
b) aplicam-se à mesma classe de palavra.
c) são invariáveis.
d) são livres.
e) formam palavras compostas.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Fei 99) "O desenvolvimento científico e tecnológico, ¢embora traga inegáveis benefícios (pensemos nos avanços da medicina e dos meios de comunicação, nas facilidades proporcionadas pelos modernos meios de transporte e pelos inúmeros aparelhos eletrodomésticos que fazem parte de nosso cotidiano), criou também novos e graves problemas. Chaplin denunciou a desumanização do trabalho no filme "Tempos Modernos"; alguns anos depois, a humanidade assistia atônita ao holocausto nuclear em Hiroshima e Nagasaki. Descobriu-se que a ciência nem sempre é benéfica ao homem: tudo depende de como ela é usada.
                Pode-se dizer que o avanço científico e tecnológico propõe hoje três grandes desafios para o século XXI: antes de mais nada, a degradação do meio ambiente demonstra a necessidade de pesquisar novas formas de produção, de transporte e de geração de energia não agressivas à natureza. Em segundo lugar, temos de encontrar alternativas ao avanço da mecanização industrial, que representa uma ameaça ao emprego de trabalhadores no mundo inteiro. Por fim, as recentes descobertas no campo da engenharia genética levantam sérias questões de ordem moral: as experiências com genes humanos não nos levariam a repetir em maior escala as atrocidades cometidas durante a 2 Grande Guerra nos laboratórios de Hitler? É impossível esquecer as profecias de Aldous Huxley em seu "Admirável Mundo Novo".
                O século XX criou as bombas atômicas e os computadores; esperemos que no próximo aprendamos a utilizar a tecnologia para o bem-estar e a paz entre os homens".
                                                               (Carlo Roberto)

26. Em "É IMPOSSÍVEL esquecer as profecias de Aldous Huxley em seu 'Admirável Mundo Novo'", o termo em destaque foi formado por qual dos processos de formação das palavras:
a) derivação prefixal
b) derivação regressiva
c) derivação parassintética
d) derivação sufixal
e) derivação imprópria

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Cesgranrio 92)    O NOVO PLANETA DOS HOMENS

1             Uma recente pesquisa americana, concluída em 1985, busca apreender as reações e os sentimentos dos homens após vinte anos de emancipação feminina, para daí projetar a provável tendência futura da vida entre os sexos. O livro COMO OS HOMENS SE SENTEM, do jornalista Anthony Astrachan, aposta numa "revolução masculina irreversíveis, que teria se iniciado na década de 70, impulsionada por dez anos de avanço feminino. O autor faz uma minuciosa análise das conseqüências, para o homem, da entrada da mulher nos vários setores da sociedade: indústria, serviços, exército, mundo empresarial e profissões liberais. Ele conclui que a revolução feminina efetivamente gerou reformulações profundas nos papéis sociais e na identidade masculina, às custas de um alto preço efetivo e emocional.
2             Às reações negativas dos homens, desencadeadas pelas transformações no equilíbrio de poder entre os sexos, Astrachan oferece uma curiosa explicação: "É possível que os homens tenham reivindicado a liderança há muito tempo, e a tenham mantido através dos tempos para compensar a sua incapacidade de gerar filhos." Mas, observa o autor, ao mesmo tempo que o homem luta para não abandonar a fantasia do poder, continuando a lidar com a mulher emancipada a partir de antigos e conhecidos padrões, ao colocá-la no lugar de mãe, amante, esposa ou irmã e negar-lhe a competência profissional, tem aumentado o número de homens que incorporaram outras atitudes. O fenômeno apontaria para um homem realmente novo, capaz de usufruir e contribuir para uma síntese positiva entre os sexos.
3             Não tão otimista, a escritora e filósofa Elisabeth Badinter 90 não vê ainda configurado um "novo homem". Para o homem, abordar o terreno feminino é "desvirilizante", ao passo que a mulher se valorizou ao adentrar o mundo masculino. Sem dúvida, segundo ela, a evolução maior depende da recolocação dos homens, mas esse projeto "é ainda um fenômeno muito marginal e se dá apenas numa minoria sofisticada".
4             Para a realidade brasileira, essas questões assumem diferentes contornos, matizadas por uma crise que, no limite, torna perigosas as prospecções. Poucos são os que se arriscam: "O homem está sendo obrigado a se adaptar à crise permanente com uma revolução permanente", diz o escritor Sérgio Sant'Anna. Ele vê, ainda, mudanças na família e nas relações do homem com a paternidade, mas sente que, no momento, "as pessoas estão muito inseguras, desprotegidas e tendem a voltar a padrões conservadores". Mas adverte: "Essa não é uma transformação que se dê ao nível ideológico e intelectual; os que a fizeram se deram mal. Ela supõe crises emocionais profundas."
5             A feminista Rose Marie Muraro, embora admita um retrocesso violento aos comportamentos machistas e convencionais na década de 80, prevê a vitória inconteste dos comportamentos libertários. Quanto à luta feminista, ela reconhece que os homens tiveram pouco tempo para incorporar as transformações da década de 70. Acreditando que a definição virá na próxima década, Rose finaliza: "Hoje a mulher não é mais a imagem do desejo alheio, (...) mas é sujeito de seu próprio desejo." Mas tudo isso não esconde uma mágoa: "(...) Tive um câncer e uma úlcera ao viver o mundo masculino, sendo mulher no setor público. Tive de me masculinizar, pois lá quem não mata, morre."
6             Sem rancores, mas não menos inquieta, a psicanalista Suely Rolnik assume toda sua crença na potência criativa do desejo humano: "O que eu vejo hoje é uma aliança entre homem e mulher. É uma história nascente de cumplicidade entre o homem e a mulher."
(Yudith Rosenbaum, Revista LEIA, nŽ 128, 1989, p. 36-38, com adaptações.)

27. Assinale a opção em que se faz a análise CORRETA dos elementos mórficos, em destaque:

a) sentimentos, emancipação
-MENTO, -ÇÃO: sufixos formadores de substantivos a partir de adjetivos;

b) minuciosa, empresarial
-OSA, -AL: sufixos formadores de adjetivos a partir de substantivos;

c) irreversível, desprotegidas
-I, -DES: prefixos expressando afastamento, separação;

d) pesquisa, americana
-A: desinência de gênero feminino;

e) psicanalista, masculinizar
vocábulos formados por dois radicais.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Fuvest 2003) Os leitores estarão lembrados do que o compadre dissera quando estava a fazer castelos no ar a respeito do afilhado, e pensando em dar-lhe o mesmo ofício que exercia, isto é, daquele arranjei-me, cuja explicação prometemos dar. Vamos agora cumprir a promessa.
Se alguém perguntasse ao compadre por seus pais, por seus parentes, por seu nascimento, nada saberia responder, porque nada sabia a respeito. Tudo de que se recordava de sua história reduzia-se a bem pouco. Quando chegara à idade de dar acordo da vida achou-se em casa de um barbeiro que dele cuidava, porém que nunca lhe disse se era ou não seu pai ou seu parente, nem tampouco o motivo por que tratava da sua pessoa. Também nunca isso lhe dera cuidado, nem lhe veio a curiosidade de indagá-lo.
Esse homem ensinara-lhe o ofício, e por inaudito milagre também a ler e a escrever. Enquanto foi aprendiz passou em casa do seu... mestre, em falta de outro nome, uma vida que por um lado se parecia com a do fâmulo*, por outro com a do filho, por outro com a do agregado, e que afinal não era senão vida de enjeitado, que o leitor sem dúvida já adivinhou que ele o era. A troco disso dava-lhe o mestre sustento e morada, e pagava-se do que por ele tinha já feito.

(*) fâmulo: empregado, criado

(Manuel Antônio de Almeida, "Memórias de um sargento de milícias")

28. No excerto, temos derivação imprópria ou conversão (emprego de uma palavra fora de sua classe normal) no seguinte trecho:
a) fazer castelos no ar.
b) daquele arranjei-me.
c) dar acordo da vida.
d) nem tampouco o motivo.
e) por inaudito milagre.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Uerj 2001)                                          PALAVRAS

"Veio me dizer que eu desestruturo a linguagem.  Eu desestruturo a linguagem?  Vejamos: eu estou bem sentado num lugar. Vem uma palavra e tira o lugar de debaixo de mim.  Tira o lugar em que eu estava sentado.  Eu não fazia nada para que a palavra me desalojasse daquele lugar. E eu nem atrapalhava a passagem de ninguém. Ao retirar de debaixo de mim o lugar, eu desaprumei.  Ali só havia um grilo com a sua flauta de couro.  O grilo feridava o silêncio. Os moradores do lugar se queixavam do grilo. Veio uma palavra e retirou o grilo da flauta.  Agora eu pergunto: quem desestruturou a linguagem?  Fui eu ou foram as palavras? E o lugar que retiraram de debaixo de mim?  Não era para terem retirado a mim do lugar? Foram as palavras pois que desestruturaram a linguagem.  E não eu."
                (BARROS, Manoel de.  "Ensaios fotográficos".  Rio de Janeiro: Record, 2000.)

29. O prefixo "des" aparece seis vezes no poema: "desestruturo", "desestruturo", "desalojasse" "desaprumei", "desestruturou", "desestruturaram".  Reforça-se, assim, a noção de que a poesia mais desestabiliza significados cristalizados e cria novos do que comunica alguma mensagem do poeta para o leitor.
A frase de Manoel de Barros que melhor exemplifica essa desestabilização é:
a) "E eu nem atrapalhava a passagem de ninguém!"
b) "O grilo feridava o silêncio"
c) "Fui eu ou foram as palavras?"
d) "Não era para terem retirado a mim do lugar?"

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES.
(Ufc 2003) Os moradores do casarão
(...)
1 Consultando o relógio de parede, que bate as horas num gemer de ferros, ela chama uma das pretas, para que lhe traga a chaleira com água quente. Toma banho dentro da bacia no quarto, cujos tacos já estão podres. Demora-se sentada no banco de madeira com medo da corrente de ar, os cabelos soltos e os ombros protegidos pela toalha.
2 A única amiga que a visita diz que a vida dela dá um romance. O casarão. A posição social de outrora. A educação dela: o piano, a aula particular de francês, o curso de pintura com irmã Honorine. Tudo se foi acabando. Os mortos são retratos no alto das paredes. Galeria de retratos, o do pai, imponente, o cabelo partido ao meio, certa ironia nos olhos, ao tempo em que foi secretário de estado e diretor do grande hospital. Foi por esse tempo que ela se casou com o bacharel recente. As tias fizeram oposição forte. Aquelas tias magras, de nervuras nos pescoços, as blusas de colarinho de renda, os bandós. A mais renitente delas era tia Matilda. A sobrinha merecia coisa melhor, homem já projetado na vida, com carreira feita, que a família era nobre, quisessem ou não: vinha de boa cepa portuguesa, com barão na origem. O moço era filho de comerciante, com pequena loja de tecidos:
3 - E um menino! Em começo de vida.
4 Mas casaram. Foi decidido que ficassem no casarão, que dava para todos, e ninguém queria separar-se de Violeta, que tinha muitas mães, todas mandando nela. Violeta, governada, sem vontade própria, como se ainda fosse menina, ouvindo uma e outra:
5 - Estou bem com este vestido?
6 A nervura das tias:
7 - Horrível! Ponha o de organdi.
8 Ela voltava ao grande quarto, de forro alto, e mudava a roupa na frente do marido, marginalizado e em silêncio. Concessão maior só do pai, que era meio boêmio, apreciava uma roda de cerveja e de pôquer. O pai soltava gargalhada na cadeira de balanço e garantia ao genro que aquelas velhas, e a própria mulher dele, eram doidas.
9 A pressão. O ¢reparo para qualquer deslize tolo ou gafe:
10 - Filho de comerciante.
11 E Violeta, que nunca teve filhos, engordava, lambia os dedos e os beiços untados de manteiga. Muita banha, preguiça de sair de casa, uma ou outra nota no piano de cauda, com o jarro de flores, onde as moscas dormiam e cagavam.
12 Veio o desquite. O marido mudou-se para São Paulo. Fez carreira brilhante, é advogado de prestígio e, faz muito tempo, vive com a outra. Mas fixou pensão para a mulher e escrevia-lhe, talvez por pena dela: a gordura disforme. Foram cartas que raramente recebeu, e uma ou outra que ela própria tivesse escrito, tia Matilda, a renitente, tomava do jardineiro, lia e rasgava.
13 Quando essa tia morreu, porque afinal todos morreram, Violeta encontrou no quarto dela dentro da gaveta da cômoda, lá no fundo, algumas dessas cartas do marido, amarradas com o fitilho. Trancou-se, leu-as à luz do abajur e chorou.
14 O casarão, com a torre, é ninho de morcegos, que voejam na tarde. Tudo é silêncio. O gradil do muro, enferrujado. Secou a fonte, onde o vento rodopia folhas mortas. De resistente apenas a hera, que sobe pelas velhas paredes, uma ou outra vez aguada por Seu Vicente, jardineiro, ou pela preta mais nova, também cria da família.
15 A única amiga que a visita volta a assegurar que a vida dela dá um romance.
16 - Acho que sim.
17 E Violeta se levanta, pesada, envolvida no cachecol, para fechar a janela por onde vem a corrente de ar e já se aproxima a noite.
(MOREIRA CAMPOS, José Maria. "Dizem que os cães vêem coisas". Fortaleza: Edições UFC, 1987)

30. Marque a alternativa que preenche corretamente todas as lacunas numeradas.


a) (1) substantivo (2) derivação sufixal (3) adjetivo (4) derivação sufixal
b) (1) adjetivo (2) derivação parassintética (3) adjetivo (4) composição
c) (1) adjetivo (2) derivação sufixal (3) advérbio (4) composição
d) (1) substantivo (2) derivação parassintética (3) adjetivo (4) derivação sufixal
e) (1) substantivo (2) derivação parassintética (3) advérbio (4) composição

31. No final do século XIX e princípio do século XX, muitas palavras francesas foram incorporadas ao léxico português, dada a influência cultural exercida pela França em todo o mundo civilizado da época. Assinale a alternativa que contém apenas palavras de extração francesa.
a) abajur - pôquer - gafe
b) bandó - abajur - pôquer
c) gafe - abajur - cachecol
d) cachecol - chaleira - bandó
e) organdi - cachecol - chaleira

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufrrj 99) SEM DATA

1             Há seis ou sete dias que eu não ia ao Flamengo. Agora à tarde lembrou-me lá passar antes de vir para casa. Fui a pé; achei aberta a porta do jardim, ¦entrei e parei logo.
2             "Lá estão eles", disse comigo.
3             Ao fundo, à entrada do saguão, dei com os dois velhos sentados, olhando um para o outro. Aguiar estava encostado ao portal direito, com as mãos sobre os joelhos. D. Carmo, à esquerda, tinha os braços cruzados à cinta. §Hesitei entre ir adiante ¤ou desandar o caminho; continuei parado alguns segundos até que recuei pé ante pé. Ao transpor a porta para a rua, vi-lhes no rosto e na atitude £uma expressão a que não acho nome certo ou claro: digo o que me pareceu. Queriam ser risonhos e ¥mal se podiam consolar. ¢Consolava-os a saudade de si mesmos.
                               (ASSIS. Machado. "Memorial de Aires". in: OBRA COMPLETA. Rio de Janeiro, Aguilar, 1989.)

32. O prefixo da palavra em destaque na oração "ao TRANSPOR a porta para a rua..." (par.3) tem, respectivamente, o significado de
a) movimento através de.
b) movimento em torno.
c) posição além do limite.
d) movimento para além de.
e) movimento intermitente.

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES.
(Ufsm 2002)                        MARCELO BERABA

                                   Desejo de matar

1             RIO DE JANEIRO - A TV Globo estreou mais uma série importada que enaltece os ¤grupos de ¢¥extermínio. Esta agora chama-se "Angel" e conta a história de um vampiro bom que sai pela cidade eliminando vampiros maus. Para isso, o herói vampiro conta com a ajuda de três pessoas, uma delas ¨delegada de polícia.
2             Parece que esta série é apenas um ªtapa-buraco na programação da emissora, que nem fez muito alarde com o filme. Mas não é a primeira vez que a TV explora o tema. Teve uma, "Justiça Cega", em que um juiz, inconformado com as amarras da lei, fazia justiça com as próprias mãos.
3             O justiceiro passava o dia de toga examinando processos e à noite montava numa moto e saía matando os ©bandidos que tinha sido obrigado a inocentar por falta de provas.
4             A mensagem desses filmes é sempre a mesma. Não é ¢¤possível combater o ¢crime com os instrumentos que a sociedade coloca à disposição da £Justiça e das polícias. É preciso montar polícias e ¢¢justiças paralelas, que usem as mesmas armas e recursos imorais dos criminosos.
5             "Angel" e seus vampiros permitem várias interpretações. Uma delas é simples: o combate ao crime já não é tarefa para homens comuns. Os criminosos estão cada vez mais sofisticados. São seres mutantes. ¦Juízes e policiais comuns, por mais bem preparados que estejam, não dão conta do recado.
6             A série é ¢¡lixo e não tem a menor importância. O problema é na vida real, quando as empresas acham normal buscar formas de convivência com o ¥narcotráfico. Quando o Estado acha normal que o §crime organizado monte banquinhas de apostas no meio das calçadas. E quando o ¢£sistema penitenciário ajuda a organização dos presos para evitar rebeliões.
7             Pensando bem, não ¢¦há por que se espantar com "Angel" e similares se as deformações que procuram legitimar fazem parte do nosso cotidiano.
                ("Folha de São Paulo", 9 de março de 2001.)

33. A partir da palavra "vampiro", criaram-se as palavras a seguir, formadas com o acréscimo de elementos integrantes de outras palavras da língua portuguesa. Relacione as colunas, atendendo ao sentido conferido às palavras através desse processo.

1. vampirófobo
2. vampirólogo
3. vampiricida
4. vampirólatra

(     ) aquele que mata os vampiros
(     ) aquele que teme ou odeia os vampiros
(     ) aquele que adora os vampiros

A seqüência correta é
a) 2 - 3 - 1.
b) 3 - 1 - 4.
c) 1 - 2 - 3.
d) 4 - 3 - 1.
e) 3 - 1 - 2.

34. Certas palavras, como "possível" (ref.13), apresentam o sufixo "-vel" e, ao receberem um novo sufixo, têm "-vel" substituído por "bil". Isso ocorre em todos os casos a seguir, à EXCEÇÃO de
a) amabilidade.
b) habilidade.
c) mobilidade.
d) miserabilidade.
e) vulnerabilidade

35. (Puc-rio 99) Classifique como verdadeira (V) ou falsa (F) cada uma das afirmações abaixo sobre a estrutura mórfica das palavras.

I - O elemento "i" destacado em "decidir" é do mesmo tipo que aquele destacado em "felicidade".
II - As palavras "ficaram" e "deram" apresentam desinências modo-temporais que podem ser usadas em dois tempos verbais diferentes.
III - "Indenização" e "abandonada" são palavras formadas a partir de substantivos.
IV - No texto, a palavra "comprado" (ref.2) tem as mesmas possibilidades de flexão que "abandonada" (ref.3).
V- Os sufixos de "motorista" e "costureira"  apresentam o mesmo valor semântico.

a) F - F - V - V - F
b) F - V - F - F - V
c) V - F - V - F - V
d) V - V - V - F - F
e) V - F - F - F - V

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES.
(Puc-rio 99) Costureira receberá indenização de ex-noivo

Casamento adiado por 17 anos vale 20 salários para mulher "enganada"

1             Belo Horizonte - ¤Abandonada pelo noivo depois de 17 anos de namoro, a costureira Nair Francisca de Oliveira está comemorando um ganho inusitado: o Tribunal de Alçada de Minas Gerais condenou o motorista aposentado Otacílio Garcia dos Reis, de 54 anos, a pagar à ex-noiva uma indenização de 20 salários mínimos por danos morais. Ela receberá ainda 30% do valor da casa que os dois estavam construindo juntos, em Passos, sudoeste de Minas. "Estou cobrando pelo tempo que fui enganada", diz ela.
2             Nair não revela a idade, diz apenas que tem mais de 40 anos. Ela lembra que, mais do que o ¢término do namoro, o que a fez decidir pela ação de danos morais foram as falsas palavras de Otacílio. Ao romper com a noiva, ele disse que, além de não gostar dela, sabia que não tinha sido o primeiro homem de sua vida. "Me caluniou e humilhou minha família", lamenta Nair, que não consegue explicar como pôde ficar tantos anos ao lado de uma pessoa que ela diz, agora, não conhecer.
3             Otacílio foi longe ao explicar o motivo do fim do relacionamento. Disse à ex-noiva que tinha por ela apenas um "vício carnal" e que nenhum homem seria capaz de resistir aos encantos de seu corpo bem feito. "Ele daria um bom ator", analisa Nair, lembrando que, a cada ano, a desculpa para não oficializar a união mudava. A costureira confessa que nunca teve vontade de terminar o namoro, mesmo tendo-o iniciado sem gostar muito de Otacílio. Ele teria insistido no relacionamento. "Eu dei tempo ao tempo e acabei gostando dele", afirma, frustrada com o tempo perdido, especialmente pelo fato de não ter tido filhos. "Engraçado, eu nunca evitei. Não sei por que não aconteceu."
4             Papéis - A história de Nair e Otacílio começou em 1975. Após quatro anos de namoro, ficaram noivos e deram entrada nos papéis para o casamento religioso. Na ocasião, já haviam £ comprado um terreno, onde construíram a casa, que, segundo Nair, foi erguida com o dinheiro de seu trabalho de costureira, com a ajuda dos pais e também com dinheiro de Otacílio. Hoje, o que seria o lar dos dois é uma casa alugada. O advogado de Nair, José Cirilo de Oliveira, pretende requerer uma indenização também pelo tempo de aluguel.
5             "Fiquei satisfeito com a vitória de Nair, não tanto pelo valor da indenização, mas porque houve realmente a má intenção por parte do ex-noivo", afirma Oliveira. Os juízes da 3 Câmara Cível do Tribunal de Alçada também ficaram sensibilizados com o caso da noiva abandonada. O relator do processo, juiz Dorival Guimarães Pereira, justificou sua decisão destacando que "o casamento é o sonho dourado de toda mulher, objetivando com ele, a par da felicidade pessoal de constituir um lar, também atingir o seu bem-estar social, a subsistência e o seu futuro econômico".
6             A costureira, entretanto, afirma que não estava preocupada com os ganhos financeiros do casamento.
                (Roselena Nicolau - JORNAL DO BRASIL, 11/08/1996)

36. Indique a palavra resultante do mesmo processo de formação que "término" (ref.1)
a) Fim.
b) Processo.
c) Ganho.
d) Caso.
e) Motivo.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Fuvest 99)           Transforma-se o amador na cousa amada,
                por virtude do muito imaginar;
                não tenho, logo, mais que desejar,
                pois em mim tenho a parte desejada.
                                Se nela está minh'alma transformada,
                               que mais deseja o corpo de alcançar?
                               Em si somente pode descansar,
                               pois consigo tal alma está liada.
                Mas esta linda e pura semidéia,
                que, como um acidente em seu sujeito,
                assi co a alma minha se conforma,
                               está no pensamento como idéia:
                               e o vivo e puro amor de que sou feito,
                               como a matéria simples busca a forma.
               
                               (Camões, ed. A. J. da Costa Pimpão)

37. O prefixo presente em SEMIDÉIA tem o mesmo valor semântico do prefixo que há em
a) hipotensão.
b) perífrase.
c) anfiteatro.
d) subalterno.
e) hemisfério.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Pucsp 99)            A expressão "deletar um arquivo de computador" não é mais jargão de quem lida com informática. O termo já se tornou uma palavra da língua portuguesa escrita no Brasil.
                Ele faz parte de um conjunto de cerca de 6.000 novas palavras incluídas na recente edição do  "Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa", lançando pela Academia Brasileira de Letras (ABL). Além de reconhecidas, as novas palavras passam a ter uma grafia oficial definida.
                Agora são aceitas expressões como "deletar um arquivo", "assistir a uma teleconferência" e até "tomar suco de acerola", frutinha comum no mercado, mas rara nos dicionários.
                Também foram incluídos "Internet", "intranet", "scanear", "mouse", "teleducação" e "acessar", entre outros já de uso corrente. Eles se somam às 400 mil palavras da primeira edição do vocabulário, de 1982.
                Diferentemente de um dicionário, que explica o significado de um termo, um vocabulário apenas relaciona palavras. Seu objetivo é consolidar a grafia delas (o modo como são escritas), classificá-las segundo o gênero  (masculino ou feminino) e categoria morfológica (substantivo, adjetivo etc). É também um instrumento normatizador oficial, por ser da Academia. (...)
                Mas, para  um termo ser aceito como uma palavra, não basta que ele seja usado por um grupo de pessoas. Além da difusão, é preciso que ele substitua outro em determinada área. É o caso de "deletar", explica Antônio José Chediak, coordenador da equipe que fez o vocabulário.
                O mesmo não ocorre com "printar". "Em português, existe a palavra imprimir. Julgamos que o uso de "printar" não é amplo o suficiente para incorporá-lo como palavra nova", diz Arnaldo Niskier, presidente da Academia Brasileira de Letras.
                A diferença entre os dois casos é explicada por um limite: a manutenção da identidade de uma língua. "É preciso estar aberto à globalização, evitando exageros."
                               (FOLHA DE S. PAULO, 10/09/98)

38. 1. Assinale a alternativa em que todas as palavras apresentam o mesmo valor semântico de INTER (ou entre), em "Internet", e INTRA (ou intro), em "intranet".
a) internacional/entrever
     introduzir/intraduzível

b) intercâmbio/interferência
     intrafegável/intramuros

c) interação/interlocutor
     intramuscular/introvertido

d) intervalo/interno
     intra-uterino/intransigente

e) interlíngua/interface
     intransitável/intramedular

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Fuvest 89)                                          17 DE JULHO

1             Um dia desta semana, farto de vendavais, naufrágios, boatos, mentiras, polêmicas, farto de ver como se descompõem os homens, acionistas e diretores, importadores e industriais, farto de mim, de ti, de todos, de um tumulto sem vida, de um silêncio sem quietação, peguei de uma página de anúncios, e disse comigo:
2             Eia, passemos em revista as procuras e ofertas, caixeiros desempregados, pianos, magnésias, sabonetes, oficiais de barbeiro, casas para alugar, amas-de-leite, cobradores, coqueluche, hipotecas, professores, tosses crônicas...
3             E o meu espírito, estendendo e juntando as mãos e os braços, como fazem os nadadores, que caem do alto, mergulhou por uma coluna a seguir. Quando voltou à tona trazia entre os dedos esta pérola:
4             "Uma viúva interessante, distinta, de boa família e independente de meios, deseja encontrar por esposo um homem de meia-idade, sério, instruído, e também com meios de vida, que esteja como ela cansado de, viver só; resposta por carta ao escritório desta folha, com as iniciais M. R...., anunciando, a fim de ser procurada essa carta."
5             Gentil viúva, eu não sou o homem que procuras, mas desejava ver-te, ou, quando menos, possuir o teu retrato, porque tu não és qualquer pessoa, tu vales alguma cousa mais que o comum das mulheres. Ai de quem está só! dizem as sagradas letras; mas não foi a religião que te inspirou esse anúncio. Nem motivo teológico, nem metafísico. Positivo também não, porque o positivismo é infenso às segundas núpcias. Que foi então, senão a triste, longa e aborrecida experiência? Não queres amar; estás cansada de viver só.
6             E a cláusula de ser o esposo outro aborrecido, farto de solidão, mostra que tu não queres enganar, nem sacrificar ninguém. Ficam desde já excluídos os sonhadores, os que amem o mistério e procurem justamente esta ocasião de comprar um bilhete na loteria da vida. Que não pedes um diálogo de amor, é claro, desde que impões a cláusula da meia-idade, zona em que as paixões arrefecem, onde as flores vão perdendo a cor purpúrea e o viço eterno. Não há de ser um náufrago, à espera de uma tábua de salvação, pois que exiges que também possua. E há de ser instruído, para encher com as cousas do espírito as longas noites do coração, e contar (sem as mãos presas) a tomada de Constantinopla.
7             Viúva dos meus pecados, quem és tu que sabes tantos? O teu anúncio lembra a carta de certo capitão da guarda de Nero. Rico, interessante, aborrecido, como tu, escreveu um dia ao grave Sêneca, perguntando-lhe como se havia de curar do, tédio que sentia, e explicava-se por figura: "Não é a tempestade que me aflige, é o enjôo do mar. "Viúva minha, o que tu queres realmente, não é um marido, é um remédio contra o enjôo. Vês que a travessia ainda é longa, - porque a tua idade está entre trinta e dous e trinta e oito anos, - o mar é agitado, o navio joga muito; precisas de um preparado para matar esse mal cruel e indefinível. Não te contentas com o remédio de Sêneca, que era justamente a solidão, "a vida retirada, em que a alma acha todo o seu sossego". Tu já provaste esse preparado; não te fez nada. Tentas outro; mas queres menos um companheiro que uma companhia.
                               (Machado de Assis, A Semana, 1892.)

39. Foram formadas pelo mesmo processo as seguintes palavras do texto:
a) vendavais, naufrágios, polêmicas.
b) descompõem, desempregados, desejava.
c) estendendo, escritório, espírito.
d) quietação, sabonete, nadador.
e) religião, irmão, solidão

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Fuvest 2001) Só os roçados da morte
compensam aqui cultivar,
e cultivá-los é fácil:
simples questão de plantar;
não se precisa de limpa,
de adubar nem de regar;
as estiagens e as pragas
fazem-nos mais prosperar,
e dão lucro imediato;
nem é preciso esperar
pela colheita: recebe-se
na hora mesma de semear.
                (João Cabral de Melo Neto, MORTE E VIDA SEVERINA)

40. O mesmo processo de formação da palavra destacada em "não se precisa de LIMPA" ocorre em:
a) "no mesmo VENTRE crescido".
b) "iguais em tudo e na SINA".
c) "jamais o cruzei a NADO" .
d) "na minha longa DESCIDA".
e) "todo o VELHO contagia".

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufrs 98)                               UMA OUTRA EUCARISTIA

1             Em 1592, inspirado nas descrições do viajante Hans Staden, o alemão De Bry desenhou as cerimônias de canibalismo de índios brasileiros. São documentos de £alto valor histórico (...). Porém, não podem ser vistos como retratos exatos: o artista, sob a influência do Renascimento, mitigou a violência ¢antropofágica com imagens idealizadas de índios, que ganharam traços e corpos esbeltos de europeus. As índias ficaram rechonchudas como as divas sensuais do pintor holandês Rubens.
2             No século XX, o pintor brasileiro Portinari trabalhou o mesmo tema. Utilizando formas densas, rudes e nada idealizadas, Portinari evitou o ângulo do colonizador e procurou não fazer julgamentos. A Antropologia persegue a mesma coisa: investigar, descrever e interpretar as culturas em toda a sua diversidade desconcertante.
3             Assim, ela é capaz de revelar que o canibalismo é uma experiência simbólica e transcendental - jamais alimentar.
4             Até os anos 50, waris e kaxinawás comiam pedaços dos corpos de seus mortos. Ainda hoje, os yanomamis misturam as cinzas dos amigos no purê de banana. Ao observar esses rituais, a Antropologia aprendeu que, na antropofagia que chegou ao século XX, o que há é um ato amoroso e religioso, destinado a ajudar a alma do morto a alcançar o céu. A SUPER, ao contar toda a história para você, pretende superar os olhares preconceituosos, ampliar o conhecimento que os brasileiros têm do Brasil e estimular o respeito às culturas indígenas. Você vai ver que o canibalismo, para os índios, é tão digno quanto a eucaristia para os católicos. É sagrado.
(Adaptado de: SUPERINTERESSANTE. Agosto, 1997, p.4.)

41. Considere as seguintes afirmações sobre a derivação de algumas palavras do texto.

I - As palavras "Renascimento", "rechonchudas" e "preconceituosos" são formadas, simultaneamente, por prefixo e sufixo.
II - Pela leitura da frase "A antropologia ... (par.2)", podemos inferir que o significado do elemento comum de "antropologia" e "antropofagia" é "cultura".
III - Em "antropofágica" (ref.1), há um sufixo cuja função é transformar um substantivo em adjetivo.

Quais estão corretas?
a) Apenas I
b) Apenas II
c) Apenas III
d) Apenas I e II
e) I, II e III

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufpe 2003)                                         A liberdade

A liberdade como problema

a torneira seca
(mas pior: a falta
de sede)

a luz apagada
(mas pior: o gosto
do escuro)

a porta fechada
(mas pior: a chave
por dentro)

1. Este poema de José Paulo Paes nos fala, de forma extremamente concentrada e precisa, do núcleo da liberdade e de sua ausência. O poeta lança um contraponto entre uma situação externa experimentada como um dado ou como um fato (a torneira seca, a luz apagada, a porta fechada) e a inércia resignada no interior do sujeito (a falta de sede, o gosto do escuro, a chave por dentro). O contraponto é feito pela expressão "mas pior". Que significa ela? Que diante da adversidade, renunciamos a enfrentá-la, fazemo-nos cúmplices dela e é isso o pior. Pior é a renúncia à liberdade. Secura, escuridão e prisão deixam de estar fora de nós, para se tornarem nós mesmos, com nossa falta de sede, nosso gosto do escuro e nossa falta de vontade de girar a chave.

2. Um outro poema também oferece o contraponto entre nós e o mundo: 
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

3. Neste poema, Carlos Drummond de Andrade, como José Paulo Paes, confronta-nos com a realidade exterior: o "vasto mundo" do qual somos uma pequena parcela e no qual estamos mergulhados. Todavia, os dois poemas diferem, pois, em vez da inércia resignada, estamos agora diante da afirmação de que nosso ser é  mais vasto do que o mundo: pelo nosso coração - sentimentos e imaginação - somos maiores do que o mundo, criamos outros mundos possíveis, inventamos outra realidade. Abrimos a torneira, acendemos a luz e giramos a chave.

4. Embora diferentes, os dois poemas apontam para o grande tema da ética, desde que esta se tornou questão filosófica: o que está e o que não está em nosso poder? Até onde se estende o poder de nossa vontade, de nosso desejo, de nossa consciência? Em outras palavras: até onde alcança o poder de nossa liberdade? Podemos mais do que o mundo - ou este pode mais do que nossa liberdade? O que está inteiramente em nosso poder e o que depende inteiramente de causas e forças exteriores que agem sobre nós? Por que o pior é a falta de sede e não a torneira seca, o gosto do escuro e não a luz apagada, a chave imobilizada e não a porta fechada? O que depende do "vasto mundo" e o que depende de nosso "mais vasto coração"?
                (Marilena Chauí: "Convite à Filosofia", São Paulo: Ática, p. 357. Fragmento)

42. Assinale a alternativa em que todas as palavras apresentam prefixo de mesmo sentido.
a) esvaziar  /  evadir  /  engarrafar
b) amoral  /  discordância  /  introverter
c) refazer  /  reversão  /  retrair
d) contraponto  /  antítese  /  anacrônico
e) intermédio  /  endovenoso  /  intramuscular

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufrs 2001) A notícia saiu no "The Wall Street Journal": a "ansiedade ¢superou a depressão como problema £de saúde mental predominante nos EUA". Para justificar o absurdo, o autor da matéria recorre a ¤um psicoterapeuta e a um ¥sociólogo. O primeiro descreve "ansiedade como ¦condição dos privilegiados" que, livres de ameaças reais, se dão        ao luxo de "olhar para dentro" e criar medos irracionais; o segundo diz que
"vivemos na era mais segura da humanidade" e, no entanto, "desperdiçamos bilhões de dólares §em medos bem mais ampliados do que seria ¨justificável". Sem meias palavras, ©os peritos dizem algo mais ou menos assim: os americanos estão nadando em ªriqueza e, como não têm do que se queixar, adquiriram o costume neurótico ¢¡de ¢¢desentocar medos ¢£irracionais para projetá-los no ¢¤admirável mundo novo ao redor.
A explicação impressiona pela ingenuidade ou pela má-fé. Ninguém contrai o ¢¥"Mau hábito" ¢¦de olhar para ¢§dentro de si do dia para a noite. A obsessão consigo não é um efeito colateral ¢¨do modo de vida atual; é um dos seus mais ¢©indispensáveis ingredientes. O crescimento exagerado do interesse pelo "mundo interno" e pelo ¢ªcorpo é a £¡contrapartida do desinteresse ou hostilidade pelo "mundo externo" e pelos outros. Diz o £¢catecismo: só confieem seu corpo e sua mente. ££O resto é £¤concorrente; o resto está sempre cobiçando e disputando seu emprego, seu sucesso, seu patrimônio e sua saúde. Sentir medo e ansiedade, em condições semelhantes, é um estado emocional perfeitamente racional e inteligível.
Em bom português, sentir-se condenado a £¥jamais ter repouso físico ou £¦mental, sob pena de perder a saúde, a £§longevidade, a forma física, o desempenho £¨sexual, o emprego, a casa, a segurança na velhice, pode ser um inferno em vida para os pobres ou para os ricos. Os £©candidatos à ansiedade são, assim, bem mais numerosos e bem menos ociosos do que pensam o £ªpsicoterapeuta e o sociólogo.
                (Adaptado de: COSTA, J.F. A ansiedade da opulência. "Folha de São Paulo", 19 de março de 2000.)

43. Abaixo são feitas três afirmações sobre a formação de palavras do texto.                                     
I - As palavras "justificável" (ref. 7) e "admirável" (ref. 13) são adjetivos formados a partir de verbos.
II - As palavras "irracionais" (ref. 12) e "indispensáveis" (ref. 18) apresentam o mesmo prefixo.
III - Nas palavras "mental" (ref. 25) e "sexual" (ref. 27) sufixo utilizado forma adjetivos a partir de substantivos.

Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas             II e III.
e) I, II e III.

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES.
(Ufrs 97)               ¢Quando tratavam de maneiras ........ mesa, os manuais de civilidade medievais - ou talvez devamos dizer "manuais de cortesia", tendo em vista a época - condenavam as manifestações de gula, a agitação, a sujeira, a falta de consideração pelos outros convivas. £Tudo isso persiste nos séculos XVII e XVIII, porém novas prescrições se acrescentam ........ antigas. ¤Em geral, elas desenvolvem ........ idéia de limpeza - já presente na Idade Média -, ordenando que se usem os novos utensílios de mesa: pratos, copos, facas, colheres e garfos individuais. ¥O emprego dos dedos é cada vez mais proscrito, bem como a transferência dos alimentos diretamente da travessa comum para a boca.
                ¦Isso evidencia não só uma obsessão pela limpeza, como ainda um progresso do individualismo: o prato, o copo, a faca, a colher e o garfo individuais na verdade erguem paredes invisíveis entre os comensais. §Na Idade Média, levava-se a mão ao prato comum, duas ou três pessoas tomavam a sopa numa só escudela, todos comiam a carne na mesma travessa e bebiam de uma única taça que circulava pela mesa; facas e colheres, ainda inadequadas, passavam de um conviva a outro; e cada qual mergulhava seu pedaço de pão ou de carne em saleiros e molheiras comuns. ¨Nos séculos XVII e XVIII, ao contrário, cada comensal é dono de um prato, um copo, uma faca, uma colher, um garfo, um guardanapo e um pedaço de pão. ©Tudo que é retirado das travessas, molheiras e saleiros comuns deve ser pego com os utensílios adequados e depositado no prato antes de ser tocado com os próprios talheres e levado ........ boca. ªCada conviva é encerrado numa espécie de gaiola imaterial. ¢¡Por que tais precauções, dois séculos antes de Pasteur descobrir a existência dos micróbios? ¢¢O que vem a ser essa sujeira que tanto se teme? ¢£Não será principalmente o medo do contato com o outro?
                               (Adaptado de FLANDRIN, Jean-Louis. A DISTINÇÃO PELO GOSTO. In: CHARTIER, Roger (Org.) HISTÓRIA DA VIDA PRIVADA 3: Da Renascença ao Século das Luzes. São Paulo: Companhia das Letras, 1991. p. 267-8)

44. Assinale a alternativa em que foi corretamente utilizada a palavra da mesma família ou de PRESCRIÇÕES (2Ž período), ou de PROSCRITO (4Ž período).
a) Repousei, tomei os remédios que o médico PROSCREVEU, e logo minha obediência foi recompensada: recebi alta e pude voltar ao futebolzinho no quintal.
b) A lei PRESCREVE a pena de morte para o delito  de que eu o incriminei; espero que seja cumprida, pois assim me apossarei de toda a sua fortuna.
c) A volta do PRESCRITO agitou a pequena cidadezinha do velho oeste; quereria ele vingar-se dos seus inimigos?
d) A PROSCRIÇÃO do padre confessor me apavorou: eu teria de rezar mil pais-nossos, mil ave-marias e quinhentos credos, além de acender uma vela para cada vez que estivera com a vizinha.
e) O casamento não está de todo PRESCRITO de nossa tribo, mas é inegável que ele contraria o que ordena nosso guru: "Amem fisicamente a todos que puderem".

45. As palavras molheira (6Ž período), saleiro (6Ž período) e sujeira (1Ž período) são formadas pela adição de um mesmo sufixo ao radical. Assinale a alternativa que NÃO apresenta o mesmo sufixo.
a) roupeiro
b) queira
c) mosquiteiro
d) fofoqueira
e) lixeira

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Faap 96) SONETO DE SEPARAÇÃO

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
                              
                               (Vinícius de Morais)

46. IMÓVEL (in + móvel), processo de formação de palavra a que chamamos:
a) composição por aglutinação
b) composição por justaposição
c) derivação prefixal
d) derivação sufixial
e) parassintetismo

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufrs 97)               ¢Apesar de não termos ilusões quanto ao caráter das nossas elites, existia uma certa resistência a essa espécie de niilismo a que o Brasil nos leva. £Os escândalos na área financeira estão acabando até com isso. ¤Fica cada vez mais difícil espantar os burgueses. ¥Os burgueses não se espantam com mais nada. ¦Alguns talvez se surpreendam quando ouvem um filho pequeno ou um neto repetindo uma letra dos Mamonas, mas nestes casos o espanto é divertido, ou pelo menos resignado. §A necessidade de se ser absolutamente claro sobre que tipos de atividade sexual causam AIDS e como fazer para preveni-la acabou com qualquer preocupação da imprensa e da propaganda com o pundonor (grande palavra) alheio, embora ainda façam alguns rodeios. ¨A linguagem ficou mais leve, ficamos menos hipócritas. ©Burgueses epatáveis ainda existem, mas o acúmulo de agressões a seus ouvidos e pruridos os insensibilizou e hoje, se reagem, não é em público.
                (VERÍSSIMO, L. F. CONLUIO. Porto Alegre: Extra Classe, junho/julho de 1996. p.3).

47. A palavra 'epatáveis' (8Ž período) foi criada por Veríssimo a partir do verbo 'épater', que no francês significa espantar. O neologismo do autor segue as regras de derivação da língua portuguesa da seguinte forma: a partir do empréstimo da palavra francesa, obtém-se o verbo 'epatar'; tomando tal verbo como radical é possível, então, a formação de 'epatáveis'. Seguindo a sugestão do autor, foram criados os cinco neologismos que aparecem na coluna A; na coluna B, aparecem observações sobre a estrutura ou o significado de alguns desses neologismos.

Coluna A
1. epatados
2. epatabilidade 
3. inepatáveis
4. epatador
5. epatadiço

Coluna B
(     ) substantivo formado a partir do adjetivo 'epatável'
(     ) substantivo que designa  o agente de uma ação, significando aquele que espanta
(     ) palavra formada pela adição de prefixo e sufixo

Assinale a alternativa cuja numeração corresponde à associação correta entre as colunas A e B, de cima para baixo.
a) 2 - 4 - 3
b) 1 - 4 - 3
c) 5 - 2 - 1
d) 1 - 5 - 2
e) 2 - 5 - l

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Uel 98) Assinale, a letra correspondente à alternativa que preenche corretamente as lacunas da frase apresentada.

48. ......e...... são palavras que se formaram pelo processo de derivação prefixal.

a) Contradizer - bananal
b) Superpovoado - prefácio
c) Folhagem - previsão
d) Subalterno - facada
e) Febril - ilegal

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Fuvest 2003) Eu te amo

Ah, se já perdemos a noção da hora,
Se juntos já jogamos tudo fora,
Me conta agora como hei de partir...

Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios,
Rompi com o mundo, queimei meus navios,
Me diz pra onde é que inda posso ir...

(...)

Se entornaste a nossa sorte pelo chão,
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu...

(...)

Como, se nos amamos como dois pagãos,
Teus seios inda estão nas minhas mãos,
Me explica com que cara eu vou sair...

Não, acho que estás só fazendo de conta,
Te dei meus olhos pra tomares conta,
Agora conta como hei de partir...

(Tom Jobim - Chico Buarque)

49. O prefixo assinalado em "DESVARIO" expressa
a) negação.
b) cessação.
c) ação contrária.
d) separação.
e) intensificação.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufmt 96) Na(s) questão(ões) a seguir julgue os itens e escreva nos parênteses (V) se for verdadeiro ou (F) se for falso.

50. De acordo com o texto

1             É um monte de artistas chegando, suado, cansado, feliz, com vários quadros debaixo dos braços. Nos rostos, a grande expectativa quanto aos prêmios futuros. Esculturas espalhadas por salões e corredores. O corre-corre demonstra que o Palácio da Instrução (Secretaria de Cultura e Turismo de Mato Grosso) acha-se em plena efervescência, às vésperas de começar o XV Salão Jovem Arte Mato-Grossense.
(...)
2             Criado em 1975, o Salão Jovem Arte Mato-Grossense - SJAM, é o maior evento das artes plásticas do Estado. Este ano, pela primeira vez, desde a separação de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul volta a participar. Além dos artistas da capital, estarão participando artistas de diversas cidades do interior.
                               ("D.C. Ilustrado" - 02/11/95)
                              
Julgue os itens.

(     ) "Corre-corre" é uma palavra composta por parassíntese.
(     ) Em "esculturas espalhadas por salões e corredores" (parágrafo 1), há elipse de um verbo.
(     ) Os adjetivos suado, cansado, feliz (parágrafo 1) estão no singular porque a concordância é ideológica.
(     ) A crase em "às vésperas de " (parágrafo 1) justifica-se por se tratar de uma locução adverbial formada por uma palavra feminina.
(     ) No segundo parágrafo o adjetivo "grande" está empregado no grau superlativo relativo.
(     ) A presença de um adjunto adverbial de lugar justifica o uso da vírgula no último período do texto.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Pucsp 2003)                                       ATEMOYA

É um híbrido da fruta-do-conde ('Annona squamosa') com outra variedade do mesmo gênero a cherimoya ('Annona cherimolia'), originária dos Andes. O primeiro cruzamento foi feito em 1908 pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, em Miami. As frutas resultantes receberam o nome de atemoya, uma combinação de "ate", nome mexicano da fruta-do-conde, e "moya" de cherimoya. Passado quase um século, a atemoya ainda é desconhecida da maioria dos brasileiros.
No país, as primeiras mudas foram plantadas em Taubaté, nos anos 60. As variedades cultivadas aqui são em especial a Thompson, a Genifer e a African Pride. É plantada em São Paulo, sul de Minas, norte do Paraná, Espírito Santo e Rio de Janeiro. É cultivada em grande escala no Chile. Também a produzem Estados Unidos, Israel, Austrália e Nova Zelândia. [...] Os frutos, cônicos ou em forma de coração, em geral têm 10 centímetros de comprimento por 9,5 de largura. Sua casca continua verde mesmo depois de maduros. A polpa, dividida em segmentos e com poucas sementes, é branca, perfumada, cremosa, macia, com textura fina. [...] O sabor da atemoya lembra papaia, banana, manga, maracujá, limão e abacaxi, com consistência de sorvete, o que faz dela uma sobremesa pronta. Com sua polpa se preparam os mesmos pratos feitos com cherimoya: musses, sorvetes, recheios para tortas, salada de fruta. Pode ser ingrediente de bebidas como coquetel de frutas e drinques.
                (Neide Rigo, nutricionista. "CARAS", 13 set. 2002).

51. Recheio, fruta-do-conde e cruzamento - palavras retiradas do texto - passaram, respectivamente, pelos seguintes processos de formação:
a) hibridismo, derivação sufixal e composição.
b) derivação prefixal, composição e derivação sufixal.
c) derivação prefixal, hibridismo e derivação sufixal.
d) hibridismo, derivação sufixal e derivação prefixal.
e) derivação sufixal, hibridismo e composição.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufrs 96) TER CEM ANOS, SER CENTENÁRIA

1             Porto Alegre está ficando assim, quando e onde menos se espera aparece um centenário. [...] ¢Bem, £nós sabemos que uma ¦cidade centenária é muito mais que uma ¢¡cidade de cem anos, uma cidade onde meramente vivem figuras e centenários de cem anos. ¥Esta, basta deixá-la§ vagar ao sabor do ©calendário, ¨que mal ou bem corre¢¨; ªaquela, porém, precisa muito mais. Precisa, ¤por exemplo, da ¢£vibração que ¢¥só acomete os dispostos a segurar o tempo pelos cabelos e impor-lhe¢¢ um ritmo, para fazer história, consistência, com a matéria-prima trivial, dispersão.
2             Com seus mais de duzentos anos de existência, Porto Alegre se candidata ¢¦agora à honraria de ser centenária. Coisas, ambientes, filhos ilustres, artistas, instituições, ruas porto-alegrenses estão fazendo ¢¤acontecer, ¢§ao longo dos anos, a cidade -¢© este silencioso depósito de sucessivas camadas de heroísmo, covardia, ousadia, destempero, fracasso, vitórias, esperanças, desinteresses, contrariedades, e desejos, em combinações díspares,¢ª humanas.
                               (Fischer, L.A. TER CEM ANOS, SER CENTENÁRIA. Porto & Vírgula, Porto Alegre, n° 26 agosto/1994, p.1)

52. Com o mesmo radical da palavra 'díspares' (final do par.2) é formada a palavra
a) discreto
b) ímpar
c) disparar
d) aparar
e) disperso

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Unitau 95)           "Certas instituições encontram sua autoridade na palavra divina. Acreditemos ou não nos dogmas, é preciso reconhecer que seus dirigentes são obedecidos porque um Deus fala através de sua boca. Suas qualidades pessoais importam pouco. Quando prevaricam, eles são punidos no inferno, como aconteceu, na opinião de muita gente boa, com o Papa Bonifácio VIII, simoníaco reconhecido. Mas o carisma é da própria Igreja, não de seus ministros. A prova de que ela é divina, dizia um erudito, é que os homens ainda não a destruíram.
                Outras associações humanas, como a universidade, retiram do saber o respeito pelos seus atos e palavras. Sem a ciência rigorosa e objetiva, ela pode atingir situações privilegiadas de mando, como ocorreu com a Sorbonne. Nesse caso, ela é mais temida do que estimada pelos cientistas, filósofos, pesquisadores. Jaques Le Goff mostra o quanto a universidade se degradou quando se tornou uma polícia do intelecto a serviço do Estado e da Igreja.
                As instituições políticas não possuem nem Deus nem a ciência como fonte de autoridade. Sua justificativa é impedir que os homens se destruam mutuamente e vivam em segurança anímica e corporal. Se um Estado não garante esses itens, ele não pode aspirar à legítima obediência civil ou armada. Sem a confiança pública, desmorona a soberania justa. Só resta a força bruta ou a propaganda mentirosa para amparar uma potência política falida.
                O Estado deve ser visto com respeito pelos cidadãos. Há um espécie de aura a ser mantida, através do essencial decoro. Em todas as suas falas e atos, os poderosos precisam apresentar-se ao povo como pessoas confiáveis e sérias. No Executivo, no Parlamento e, sobretudo, no Judiciário, esta é a raiz do poder legítimo.
                Com a fé pública, os dirigentes podem governar em sentido estrito, administrando as atividades sociais, econômicas, religiosas, etc. Sem ela, os governantes são reféns das oligarquias instaladas no próprio âmbito do Estado. Essas últimas, sugando para si o excedente econômico, enfraquecem o Estado, tornando-o uma instituição inane."

                               (Roberto Romano, excerto do texto "Salários de Senadores e legitimidade do Estado", publicado na Folha de São Paulo, 17/10/1994, 1Ž caderno, página 3)

53. As palavras "prova", "respeito", "mando" e "espécie" são, no plano de formação de palavras, respectivamente,
a) todas primitivas.
b) todas derivadas por sufixação.
c) todas derivadas deverbais.
d) derivadas deverbais, somente as três primeiras.
e) derivadas deverbais, somente as duas primeiras.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufpe 96) "Três semanas atrás, escrevendo aqui sobre a arrogância no jornalismo, eu dizia que muita gente hoje tem mais medo de ser condenada pela imprensa do que pela justiça, já que esta tem regras fixas e instâncias de apelação. O poder da imprensa é arbitrário e seus danos irreparáveis. "O desmentido nunca tem a força do mentido". Na justiça, há pelo menos um código para dizer o que é crime; na imprensa 'não há um código' - não há norma nem para estabelecer o que é notícia, quanto mais ética. 'Mas' a grande diferença é que, no julgamento da imprensa, as pessoas são culpadas até prova ao contrário."
                               (Zuenir Ventura / JB - 26/05/95)

Na(s) questão(ões) a seguir escreva nos parêntesses (V) se a afirmação for verdadeira ou (F) se for falsa.

54. OBSERVE:
Fixas - móveis
Mentido - desmentido
Sempre - nunca
Reparáveis - irreparáveis
Ética - antiética

(     ) Os pares de termos anterior formam conjuntos ligados pela relação de antonímia.
(     ) Todos são adjetivos formados pelo processo de derivação, a partir de um radical de sentido positivo.
(     ) DESMENTIDO e IRREPARÁVEIS são formados pelo processo de derivação chamado parassíntese.
(     ) ANTIÉTICO é formado por derivação prefixal.
(     ) Os prefixos ANTI_ (ação contrária), DES_ e I_ (privação), quando anexados a um radical, acarretam um sentido diverso do primitivo.

55. (Fuvest 92) Assinalar a alternativa que registra a palavra que tem o sufixo formador de advérbio:
a) desesperança;
b) pessimismo;
c) empobrecimento;
d) extremamente;
e) sociedade.

56. (Fuvest 93) As palavras: adivinhar - adivinho - adivinhação têm a mesma raiz, por isso são cognatas. Assinalar a alternativa em que não ocorrem três cognatos:
a) alguém - algo - algum.
b) ler - leitura - lição.
c) ensinar - ensino - ensinamento.
d) candura - cândido - incandescência.
e) viver - vida - vidente.

57. (Fuvest 93) Assinalar a alternativa em que a primeira palavra apresenta sufixo formador de advérbio e, a segunda, sufixo formador de substantivo:
a) perfeitamente - varrendo.
b) provavelmente - erro.
c) lentamente - explicação.
d) atrevimento - ignorância.
e) proveniente - furtado.

58. (Fatec 96) Após séculos de melancolia, gastos a olhar obsessiva e nostalgicamente para seu passado de glórias, os portugueses parecem estar olhando também para o futuro. O país se informatiza, se "internetiza", se sintoniza com as tendências da vida internacional.
                               ("Folha de São Paulo", 5/10/95)
                               
Sobre a palavra "internetiza", é correto afirmar que
a) é um neologismo; é uma palavra formada por derivação sufixal; refere-se à palavra Internet.
b) é formada por derivação prefixal; refere-se à internacionalização.
c) é formada por derivação parassintética; refere-se à internacionalização.
d) está entre aspas porque é gíria; refere-se à União Européia.
e) não está no dicionário, portanto, não tem validade lingüística.

59. (Fei 95) Assinalar a alternativa em que a palavra entre aspas é exemplo de derivação parassintética:
a) A situação mal resolvida provocou-lhe um "ataque" de ira.
b) Terminado o "combate", o soldado descansou.
c) A "reforma" tributária se faz necessária.
d) No "entardecer", o sol oferecia um incrível espetáculo.
e) Ler histórias policiais é seu "passatempo" predileto.

60. (Ufpe 96) Estabeleça a combinação dos radicais latinos das colunas I e II, de forma a construir termos que signifiquem: "quem vaga pela noite", "o que traz o sono", "quem assassina o irmão", "o que quer o bem", "o que é relativo ao campo":

1. fratri                  (     ) vago
2. agri                    (     ) fero
3. bene                  (     ) cida
4. nocti                  (     ) volo
5. soni                    (     ) cola

A sequência correta é
a) 5, 2, 3, 4 e 1;
b) 4, 5, 1, 3 e 2;
c) 1, 2, 3, 4 e 5;
d) 2, 4, 5, 1 e 3;
e) 2, 5, 1, 3 e 4.

61. (Uel 94) SOCIOLOGIA é palavra
a) composta híbrida.
b) derivada parassintética.
c) derivada por sufixação.
d) derivada por prefixação
e) composta por aglutinação.

62. (Uel 96) Indique a alternativa em que o sufixo NÃO dá à palavra o sentido de RESULTADO DE UMA AÇÃO.
a) ferimento
b) nomeação
c) vingança
d) instrumento
e) traição

63. (Ufsc 96) Some os valores das proposições CORRETAS quanto à estrutura e formação das palavras.

01. Em 'percorrer', 'seminovo', 'bisavô' e 'intramuscular', os prefixos significam, respectivamente, 'através de', 'quase', 'duas vezes' e 'situado no interior'.
02. Hibridismos são palavras que reproduzem aproximadamente os sons e ruídos, como 'cinema', 'televisão' e 'rádio'.
04. Nas palavras des-figur-ado E in-cert-eza não ocorre parassíntese, pois quando as mesmas foram formadas, já existiam as palavras 'figurado' e 'certeza'.
08. Em 'escutávamos', temos, respectivamente: 'radical', 'vogal temática', 'desinência modo-temporal' e 'desinência número-pessoal'.
16. Na frase 'Um grupo de religiosos lançava aos quatro ventos hinos orientais numa primaveril manhã de sábado', há duas palavras compostas e duas cognatas.

Soma (          )

64. (Ufv 96) Certos verbos recebem um "i" eufônico depois da última vogal do tema toda vez que sobre ela incide a tônica. Eis dois exemplos nas palavras em destaque:
a) "Namorado não PRECISA ser o mais bonito..." - "... sua frio e quase DESMAIA."
b) "... quem se deixa ACARICIAR sem vontade..." - "... ânsia enorme de VIAJAR..."
c) "... quem não gosta de DORMIR agarrado..." - "... nem de FICAR horas e horas olhando..."
d) "... quem não se CHATEIA com o fato..." - "... PASSEIE de mãos dadas..."
e) "... SAIA do quintal de si mesma..." - "... SORRIA lírios para quem passe debaixo de sua janela."

65. (Uel 95) Assinale a alternativa que exemplifica o processo de DERIVAÇÃO PARASSINDÉTICA.
a) entardecer
b) pé-de-moleque
c) automóvel
d) beija-flor
e) desdita

66. (Fatec 97) Observe os termos destacados das frases a seguir:

I - É bom lembrar que os CÉSARES contemporâneos vêm efetivamente tentando impor uma ruptura conservadora diante de grave impasse socioeconômico.
II - Os críticos, mesmo os mais autorizados, refugiam-se, superficialmente, em considerações de moral política (FISIOLOGISMO, oportunismo, narcisismo, ilegitimidade...).
III - A laranja ajuda a regular o metabolismo e a combater a anemia.  Muita gente DESCONFIA do valor nutritivo do suco pronto para beber em comparação com a laranja espremida na hora.
IV - Sabemos que Minas, Paraná e São Paulo, os Estados que levaram mais a sério o DESAFIO de melhorar suas escolas primárias, são justamente aqueles que estão disparando na frente.

Os vocábulos destacados são formados pelos processos:
a) I. sufixação; II. aglutinação; III. sufixação; IV. derivação imprópria.
b) I. sufixação; II. justaposição; III. parassíntese; IV. prefixação.
c) I. derivação imprópria; II. sufixação; III. sufixação; IV. derivação regressiva.
d) I. derivação imprópria; II. sufixação; III. prefixação; IV. derivação regressiva.
e) I. sufixação; II.  justaposição; III. sufixação; IV. prefixação.

67. (Fei 97) Assinale a alternativa em que NEM TODAS as palavras apresentem sufixo de grau diminutivo:
a) poemeto, maleta
b) rapazola, bandeirola
c) viela, ruela
d) lugarejo, vilarejo
e) menininho, carinho

68. (Fuvest 98) O valor semântico de DES-NÃO coincide com o do par centralização/ DEScentralização apenas em:
a) Despregar o prego foi mais difícil do que pregá-lo.
b) "Belo, belo, que vou para o Céu..." - e se soltou, para voar: descaiu foi lá de riba, no chão muito se machucou.
c) Enquanto isso ele ficava ali em Casa, em certo repouso, até a saúde de tudo se desameaçar.
d) A despoluição do rio Tietê é um repto urgente aos políticos e à população de São Paulo.
e) O governo de Israel decidiu desbloquear metade da renda de arrecadação fiscal que Israel devia à Autoridade Nacional Palestina.

69. (Uel 97) Assinale a alternativa em que o prefixo da palavra indica DUPLICIDADE.
a) circunlóquio
b) ambivalência
c) contradizer
d) adjacente
e) transporte

70. (Uel 97) Assinale a alternativa em que todas as palavras são formadas pelo mesmo processo.
a) embarque - pernoitar - lobisomem
b) burocracia - enraivecer - ateu
c) hipermercado - tique-taque - cabisbaixo
d) planalto - pernalta - embora
e) bígamo - noroeste - remarcação

71. (Unb 97) Com referência ao sistema de formação vocabular da Língua Portuguesa, julgue os itens que se seguem

(0) O processo que aproxima MUDAR de MUDANÇA é análogo ao empregado na relação entre ANDAR e ANDANÇA.
(1) Nas relações SENTIR/SENTIMENTO e ANTIGO/ANTIGAMENTE, há identidade de sufixos.
(2) São nomes cognatos de TEMPO: temporal, temporalidade, contemporâneo e temporário.

72. (Ita 99) Assinale a opção que apresenta somente palavras formadas por derivação parassintética:
a) desvalorização, avistar, resfriado, reintegração, infelizmente.
b) expropriar, entortar, amanhecer, desalmado, ensurdecer.
c) escolarização, antiinflação, retrospectivo, comilão, corpanzil.
d) desigualdade, endurecer, alfabetizar, abençoar, chuviscar.
e) administração, entretela, contrabalançar, semicondutor, relembrar.

73. (Uel 99) O vocábulo PRÉ-HISTÓRIA é formado por
a) derivação prefixal, somente.
b) derivação sufixal, somente.
c) derivação prefixal e sufixal.
d) composição por justaposição.
e) composição por aglutinação.

74. (Fuvest 2000) Um dos recursos expressivos de Guimarães Rosa consiste em deslocar palavras da classe gramatical a que elas pertencem.
Destas frases de "Sorôco, sua mãe, sua filha", a única em que isso NÃO ocorre é:
a) "... os mais detrás quase que corriam. Foi o de não sair mais da memória".
b) "... não queria dar-se ao espetáculo, mas representava de outroras grandezas".
c) "... mas depois puxando pela voz ela pegou a cantar".
d) "... sem jurisprudência, de motivo nem lugar, nenhum, mas pelo antes, pelo depois".
e) "... ela batia com a cabeça, nos docementes".

75. (Ufpe 2001) Assinale a série de palavras cujos prefixos indicam negação, como em 'ilógico'.
a) inaproveitável / irremovível / irromper
b) invalidar / inativo / ingerir
c) irrestrito / improfícuo / imberbe
d) ateu / incoercível / imerso
e) incriminar / imiscuir / imanente

76. (Fgv 2001) Assinale a alternativa em que se observe o mesmo processo de formação de palavras que ocorre em EMPOBRECER.
a) Apogeu.
b) Apelar.
c) Circular.
d) Crucifixo.
e) Apedrejar.

77. (Ufpe 2000) Identifique a série em que todas as palavras se iniciam com um prefixo de sentido idêntico ao do prefixo 'in', em 'incrível'.
a) desembarque; incalculável; ignição
b) indiscreta; imemorável; incoativo
c) irreparável; indexada; incoerente
d) desconhecido; injetável; ateu
e) atípico; inapto; ignoto

78. (Fgv 2002) É comum que, na formação das palavras da língua portuguesa, algumas se tenham consagrado com prefixo latino e outras se tenham consagrado com prefixo grego, ambos com o mesmo significado. Isso acontece em qual alternativa?
a) Ditirambo e exaltação.
b) Progresso e pregresso.
c) Diversidade e desgarrar.
d) Diáfano e tranqüilo.
e) Ambidestro e anfibologia.

79. (Ufc 2002) Assinale a alternativa em que a forma ONI- apresenta sentido diferente da que se encontra em ONIPOTENTE.
a) onírico
b) onívoro
c) onicolor
d) onisciente
e) onipresente

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufrs 96) Dos anais da república:
- O senhor não tem medo de nada, presidente?
- Nada.
- Nem barata?
Pausa de segundos. Digo a verdade, ou minto para parecer mais humano? [...]
Não. Melhor ser curto e sincero.
- Nem barata.

                (Veríssimo, L.F. Ortopterofobia. In: COMÉDIA DA VIDA PÚBLICA . Porto Alegre: L&PM, 1995. p.237)

80. Assinale a alternativa que apresenta duas palavras que NÃO sejam da mesma família.
a) anais (L. 1) - bianual
b) presidente (L. 2) - presidir
c) senhor (L. 2) - senhorio
d) minto (L. 5) - desmentido
e) curto (L. 7) - curtir

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Ufc 99) 1             De muito longe eu venho, já despojado das ilusões de juventude, mas cultivando o mesmo sentimento que animava a alma dos menestréis medievais, quando se lhes abriam as portas dos castelos e os líricos trovadores contavam o que tinham vivido nas suas andanças.
2             Mas para vos entreter por um minuto, com o depoimento da minha jornada sem grandeza, a minha prosa não pode pretender mais do que a conversa: falta-me a viola dos menestréis, faltam-me os versos, falta-me a poesia, falta o talento para a balada, para o madrigal. Ah, falta muito!
3             Venho dos verdes campos do Ipu, onde pontificava "a guerreira tribo da grande nação tabajara", onde meus olhos saudaram o sol primeiro tirando faíscas sobre "aquela serra que ainda azula no horizonte" e meus ouvidos se abriram para as festas de som da natureza, embalados com a cantiga incansável da bica, que dos longes do tempo vem repetindo um acalanto de poucas notas.
4             Venho da beira do Acaraú, de Santana, onde passei a infância menor, convivendo com tangerinos e boiadeiros, ouvindo conversas nos alpendres de antiga fazenda colonial - e ainda carrego entre os guardados mais gratos da memória aboios de vaqueiros e canções de antigamente e estórias que pretas cochichantes, conservando ternuras de restos da escravidão, contavam em segredo, à luz moribunda de tristes candeeiros.
5             Venho de noites indormidas, esperando a cheia do rio, onde canoeiros viviam aventuras que as traições das águas lhes pregavam, ao mesmo tempo em que lhes ensinavam truques de defesa e inspiravam caso que a imaginação caipira ampliava num heroísmo ingênuo, para um público atento e crédulo. E onde o vento, soprando altas horas, contava mistérios que as palmas das carnaubeiras, abertas em leque, transformavam em lamento, no silêncio das horas perdidas da madrugada.
6             Venho das margens do rio Contendas, das várzeas de Massapê, que me fez seu filho adotivo. Venho de cavalgadas por campos em cinza que a chuva acordava cobrindo de verde.
7             Venho das escolas primarias do interior, em que as professoras, exercendo o apostolado nunca demais louvado, davam aos alunos de então conhecimentos que os cursos d'agora, calejados de reformas, não conseguiram igualar.
8             Venho do sertão. Deu-me Deus a graça da infância em cidade pequena, síntese do mundo, onde bem cedo se aprende a vida, convivendo com personalidades de todos os matizes - o juiz, o delegado, o padre, o comerciante, o curandeiro, o mestiço, o doido, o ladrão, o mentiroso, o generoso e o avarento, gente boa e gente má, com todas as gamas e nuanças encontradiças mais tarde, em plano mais amplo. E este conhecimento direto da humanidade ainda mais se aguçou e me amadureceu, com a morte prematura do meu pai que me comprometeu a infância e me advertiu para as surpresas da sorte.
9             Venho dum certo capitão-mor português, versão modesta de Abraão, que se instalou na ribeira do Acaraú e deixou descendência biblicamente numerosa.
10           Venho dum avô coronel da Guarda Nacional, homem de formação austera, que deu à família patriarcal os moldes severos do tempo, que cumpriu a honestidade na sua forma mais rigorosa e transmitiu aos filhos e netos a lição do respeito à lei e aos mandamentos de Deus e da Igreja.
11           Venho dum pai boticário, que me ensinou, menino, o trabalho e minhas mãos aprenderam o ofício dos pacotinhos de alfazema, de sene de maná e o fabrico doméstico da Paludina, fórmula do tio doutor, posteriormente transformada em tímida indústria sertaneja, para combater impaludismo. Da farmácia ainda guardo com nostalgia os odores das poções, pomadas, remédios ensinados pelo Chernoviz e aviados no almofariz branco, que era o símbolo sagrado das artes da cura.
12           Venho dum tempo que se distancia, se perde e começa a ser outrora, surpreendi o século ao final das duas primeiras décadas e ainda continuo perplexo dentro deste mundo atormentado, inquieto e aflito.
13           Um dia, a professora revelou honestamente que não tinha mais o que ensinar ao aluno e o recomendou ao exame de admissão na capital.
14           E eu ganhei Fortaleza de presente. E o alumbramento inicial, a entrada noturna pelo Alagadiço, os lampiões da Ceará Gaz, o bonde gemendo em cima dos trilhos, o "prego" do carro à entrada da cidade e a saudação que me foi feita por um piano anônimo, donde uma moça desconhecida, certamente curtindo a nostalgia de um amor tresmalhado, tirava as notas de "Era meu lindo jangadeiro", aquele alumbramento inicial ainda persiste, ainda cresce e se multiplica no meu afeto maior.
15           Venho de colégio interno, colégio externo, de Faculdade, das inquietações e desejos líricos de impossível reforma do mundo, então pequeno para minha ambição de jovem.
16           Venho do trabalho burocrático em repartições do governo, venho da caserna, do jornal, das salas de aula, de vinte anos de magistério secundário e quase outro tanto de ensino superior.
17           Venho de longa experiência em terras do sul, de alguma vivência européia, trabalhei, penei, estudei, ensinei, aprendi, vivi, sobrevivi, fui amado e esquecido, fui desamado e lembrado, conheci a glória do anonimato, pingo d'água em cidade tentacular, cultivei a mosca azul e namorei estrelas improváveis.
18           (...)
19           Venho do mundo. Convivi com santos e demônios, varei madrugadas e acordei auroras, festejei noite alta e cortejei o sol, passei mar, passei rio, passei ponte, passei montanha, furei nuvens. Mas, sobretudo, venho do sertão.

81. No período: "Vim do sertão, fedelhozinho ainda, bestalóide, mas hipersensível.", há, em fedelhozinho, dois sufixos de ___________, um deles expressa idéia de _____________; em bestalóide há um sufixo que indica __________, carregado de conotação depreciativa e, em hipersensível, um ___________ prefixal.

Assinale a opção que preenche corretamente as lacunas do período.
a) aumentativo, depreciação, aspecto de, superlativo.
b) diminutivo, afetividade, semelhante a, superlativo.
c) diminutivo, depreciação, forma de, aumentativo.
d) diminutivo, afetividade, aspecto de, aumentativo.
e) aumentativo, ironia, semelhante a, aumentativo.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Uerj 98)               Sempre que se agita esta questão das "reivindicações", escovam-se os velhos chavões, e, com um grande ar de importância, os ¢filósofos decidem sem apelação que a mulher não pode ser mais do que o anjo do lar, a vestal encarregada de vigiar o fogo sagrado, a £depositária das tradições da família... e das chaves da despensa. Todo esse dispêndio de palavras ¤inúteis serve apenas para encobrir a ¥fealdade da única razão séria que podemos apresentar contra as pretensões das mulheres: o nosso egoísmo, o receio que temos de que nos despojem das nossas prerrogativas seculares - o medo de perder as posições, as regalias, as honras que o preconceito bárbaro confiou exclusivamente ao nosso  século. Compreende-se: quem se habituou a empunhar o bastão do comando não se resigna facilmente a passá-lo a outras mãos: é mais fácil deixar a vida do que deixar o poder.
                                                                                              (18/08/1901)
(BILAC, Olavo. VOSSA INSOLÊNCIA. São Paulo: Cia. das Letras, 1997, p. 313.)

82. A palavra extraída do texto, cuja constituição mórfica está explicada corretamente, é:
a) "filósofos" (ref. 1) = é formada por parassíntese
b) "depositária" (ref. 2) = é composta por aglutinação
c) "inúteis" (ref.3) = tem prefixo de sentido negativo
d) "fealdade" (ref. 4) = tem sufixo diminutivo



GABARITO

1. [D]

2. [E]

3. [C]

4. [A]

5. 19

6. [A]

7. [D]

8. [A]

9. [C]

10. [A]

11. [E]

12. [C]

13. [B]

14. [D]

15. [B]

16. [D]

17. [E]

18. [B]

19. [D]

20. [E]

21. [A]

22. [A]

23. [E]

24. [E]

25. [A]

26. [A]

27. [B]

28. [B]

29. [B]

30. [E]

31. [C]

32. [D]

33. [B]

34. [B]

35. [B]

36. [C]

37. [E]

38. [C]

39. [D]

40. [C]

41. [C]

42. [D]

43. [E]

44. [B]

45. [B]

46. [C]

47. [A]

48. [B]

49. [E]

50. F V F V V F

51. [B]

52. [B]

53. [D]

54. V F F V V

55. [D]

56. [E]

57. [C]

58. [A]

59. [D]

60. [B]

61. [A]

62. [D]

63. 01 + 04 + 08 = 13

64. [D]

65. [A]

66. [D]

67. [E]

68. [B]

69. [B]

70. [D]

71. Itens corretos: 0 e 2
Item errado: 1

72. [B]

73. [A]

74. [C]

75. [C]

76. [E]

77. [E]

78. [E]

79. [A]

80. [E]

81. [B]

82. [C]